A reação que eu tive ao terminar de ler Tachyon foi a mesma que eu tive ao terminar de assistir 2001 – Uma Odisseia No Espaço: eu não entendi foi p$##@ nenhuma.
Existem quadrinhos que te fazem refletir, existem outros que te deixam empolgados e existem aqueles que te deixam ansiosos e confusos. Tachyon consegue a proeza de fazer isso tudo e muito mais.
Estou postergando esse texto tem algum tempinho já, pois achei que nunca iria conseguir decifrar todas as camadas dela. Mas foi aí que eu me liguei, cada vez que eu leio de novo, acabo descobrindo informações novas, só que ainda assim fico cada vez mais longe de seu entendimento completo. Sabe aquele nó cego que você dá em seu tênis da escola e que deixa sua mãe desesperada porque simplesmente não dá pra desatar? É isso que essa história fez com a minha cabeça.
Ele deu um nó cego e quanto mais tento desatar, mais embolado fica. E, meu Deus, que sensação deliciosa! Isso seria uma espécie de masoquismo intelectual? Eu não faço nem ideia se esse conceito existe, mas se não existe acabo de inventá-lo. De nada.
Tachyon é uma continuação do espetacular Entrespaço, do qual eu falei por aqui, e começa exatamente onde ela termina. Como próprio Daniel Sousa me disse durante a CCXP, em Tachyon ele “quebra as pernas” de Entrespaço e nos joga em uma narrativa no puro suco da criatividade sem amarras, aquela criatividade em seu estado mais bruto e sem filtros.
Aqui somos jogados na mesma discussão filosófica abordada em Entrespaço, mas com o adendo de aliens, paradoxos temporais e quebras da quarta parede no processo. É mágico quando você pensa que está entendendo e de repente é jogado em uma situação que te faz voltar algumas páginas só pra ver se você perdeu algo. E adivinha? Você não perdeu, sua linha de raciocínio está correta, você é que precisa decifrar essa próxima charada. Charada essa que em alguns casos não está escrita em formas de palavras, mas sim na arte.
Mais uma vez Daniel Sousa fez algo cinematográfico, tal qual em Entrespaço. A HQ toda em preto e branco utiliza um pouco do estilo da anterior, com desenhos em linhas brancas em fundos pretos em uma narrativa gráfica linda de morrer. Existem também referências maravilhosas, como a fantástica homenagem a Cavaleiro da Trevas na repórter F. Müller. É simplesmente genial.
Tachyon é aquele tipo de quadrinho que você pode ler todos os dias e nunca vai te enjoar. O motivo? Eu já te falei, sempre haverá um novo enigma, um novo pedaço do nó a ser desamarrado. Tachyon, Entrespaço e o Bar do Pântano (que também já falei por aqui) estão à venda na loja Cavernna e a campanha de assinaturas do Catarse: Quadrinhos de procedência duvidosa segue online! Ah, você também pode encontrar o Daniel no Twitter!
PS: Temos uma verdadeira mina de ouro quando o assunto são quadrinhos nacionais.
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.