Embate de monstros gigantes entrega lutas incríveis, mas falha muito no desenvolvimento de uma história sem pé nem cabeça.
Preciso ser honesto aqui, os caras prometeram que Godzilla e Kong sairiam no soco, que haveria destruição em massa e pi pi pi pó pó pó. De fato, eles cumpriram o prometido e entregaram batalhas incríveis entre a lagartixa atômica e o mamaco. Mas teve um preço, esse filme não faz o menor o sentido!
A partir do momento em que você estabelece que Godzilla (2014), Kong: A Ilha da Caveira (2017) e Godzilla II: Rei dos Monstros (2019) fazem parte do mesmo universo, você não pode simplesmente do mais absoluto nada, ignorar tudo que foi construído e inventar uma nova mitologia para eles. Por que isso não foi uma expansão natural do universo de ambos e sim uma forçação de barra sem fim. E não se engane, Godzilla vs Kong ainda teria sérios problemas se fosse um filme isolado e sem conexão com os anteriores.
Dos inúmeros problemas, a tecnologia futurista e super avançada, que era inexistente no filme de 2014 e que também não dá as caras na sequência de 2019, pode ser considerada um elemento principal para essa desconexão entre os filmes. Fora os furos de continuidade, onde em Rei dos Monstros (2019) Kong não é citado em momento nenhum da batalha titânica entre Godzilla e King Ghidorah e, aqui, a cientista que “cuida” de Kong é até capa de revista.
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Eu poderia ficar o resto do texto reclamando da tecnologia que não faz sentido (incluindo o download de energia desconhecida, isso aqui supera os limites), mas acho que já deu pra entender meu ponto, né? Eu entendo que seria impossível trazer o vilão Mechagodzilla sem uma tecnologia louca, mas não faz isso em cima da hora, meu filho! Parece até aquela criança que avisa aos pais domingo à noite que precisa levar cartolina pra escola segunda de manhã.
Enfim, vou desligar meu modo chato aqui e deixar a criança interior gritar um pouquinho porque as lutas são divertidas demais! Os confrontos entre Kong e Godzilla são equilibrados e a porrada come sem freio nenhum. Uma parada muito legal é que eles não focam apenas nas lutas à noite, eles brigam durante o dia e podemos ver com muita clareza os movimentos e a destruição em massa que os dois (três, com o Mechagodzilla) causam.
Por sinal, o visual e os movimentos do Mechagodzilla é tudo aquilo que a gente espera dos efeitos visuais nos dias de hoje. É bonito, é formal e muito bom de se ver. Como diria o Deadpool, é uma puta luta de computação gráfica. A galera do CGI tá de parabéns. Já os roteiristas, vou até evitar falar da trama humana nesse filme, se não vou ligar o modo chato de novo.
No fim, encheram de exageros um confronto que não precisava disso e ignoraram a construção do próprio universo de ambos. O que fica é aquela sensação de que poderiam ter amarrado a história com mais carinho, já que as batalhas são muito caprichadas e empolgantes. As crianças vão adorar e se você desligar o modo chato durante as lutas, que nem eu fiz, vai se divertir também.
Godzilla vs Kong – Trailer
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.