Mais uma vez a cultura do cancelamento é usada como tema de discussão. Contudo, ao menos dessa vez, algo interessante nasce de uma temática já desgastada.
Imagine se, sem explicação, milhões de pessoas começassem a sonhar com você. Elas dormem e você está lá em seus sonhos, apenas observando. Essa é a premissa básica de O Homem dos Sonhos. Paul Matthews (Nicolas Cage) é o homem mais comum do mundo, um professor sem muito respeito dos alunos, dos amigos ou, até mesmo, da família. O casamento parece estar por um fio e, de repente, ele se torna o homem mais famoso do mundo! Ele está por toda parte, a curiosidade ferve na mente das pessoas para entender o que está acontecendo, até os sonhos começarem a se tornar pesadelos e tudo sair do controle.
Apesar da premissa fantasiosa e de elementos que podem soar aterrorizantes, O Homem dos Sonhos brinca muito com a comédia e consegue criar uma narrativa de curiosidade muito forte, existe um magnetismo naquele homem comum que é levado ao estrelato e é puxado para o chão em instantes. O filme consegue se sobressair mesmo tendo de pano de fundo um tema recorrente como a cultura do cancelamento, celebridades virais e o preço da fama repentina.
Criar algo novo dentro de um tema tão cansativo deve ser levado como mérito para o diretor Kristoffer Borgli, mas infelizmente mesmo com algo tão interessante sendo desenvolvido o filme acaba por cair no mais do mesmo quando se encaminha para o final e chega a ser desconectado do todo ao mudar o tom de forma brusca e se encerrar em uma profusão de clichês desinteressantes.
Apesar da infame piada que está presente no título desse texto, Nicolas Cage realmente habita o imaginário de muitas pessoas há muitos anos. Ele já fez muita coisa e, infelizmente, para uma parcela de seu público ele é só um ator fanfarrão e um “meme”. Talvez esse seja o motivo dele ter sido escolhido para o papel, mas tem de se valorizar os filmes ditos como menores em que ele embarca, sempre carismático e com boas atuações, o que é o caso mais uma vez.
O Homem dos Sonhos pode não ser o mais original em sua temática, ou não ter o final ideal, mas ainda assim consegue atrair a atenção e construir a tensão, o terror e a comédia muito bem.
O Homem dos Sonhos – Trailer
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.