Baseada na obra de Neil Gaiman, Sandman, da Netflix, apresenta um universo sólido e repleto de possibilidades para serem exploradas.
Uma das adaptações mais esperadas do mundo dos quadrinhos finalmente viu a luz do dia: Sandman. A obra prima de Neil Gaiman já foi renovada para a segunda temporada e ganhou o coração do público ao contar com uma trama envolvente, além de uma produção caprichada.
Em Sandman, tanto o mundo dos sonhos quanto o mundo desperto, mudam completamente com o sumiço do senhor dos sonhos, Morpheus. Capturado por um ocultista que, na verdade, tentava prender a Morte, Morpheus desaparece por anos e, ao escapar, encontra seu reino em pedaços, a humanidade em colapso e algumas de suas criações fora de controle.
Um ponto muito positivo em Sandman é que a série não te enrola. Com várias subtramas interessantes no decorrer da temporada, incluindo a busca de Morpheus (Tom Sturridge) por suas relíquias que foram roubadas, temos histórias que prendem, com personagens cativantes sendo apresentados aos poucos.
A trama principal da temporada foca no confronto entre Morpheus e Coríntio (Boyd Holbrook), um dos pesadelos que se rebelou e passou a aterrorizar o mundo desperto. Coríntio age como um serial killer e busca desesperadamente uma forma de se libertar de seu criador.
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Entre os destaques da temporada, fico com a sequência dos episódios 4, 5 e 6. A ida de Morpheus até o inferno e o seu duelo contra Lúcifer (Gwendoline Christie) é memorável, assim como os diálogos com sua irmã, a Morte (Kirby Howell-Baptiste).
Gostaria, inclusive, de falar um pouco mais sobre esse episódio. Existe um desconforto quando estamos assistindo algo relacionado à morte, né? Digo quando o assunto é especificamente a morte e não quando um personagem morre.
Neste episódio vemos a Morte buscar pessoas comuns em situações do dia a dia e o desespero daqueles que estão a sua volta pela partida tão repentina. Isso nos tira do conforto, nos faz refletir e até mesmo lembrar de algum conhecido ou mesmo um ente querido que partiu de forma tão inesperada.
Minha mãe costuma dizer que a doença é apenas uma desculpa para a morte, ela nos prepara para o pior, embora nunca estejamos de fato preparados para o pior. Mas a partida repentina, conforme o episódio mostra, nos deixa desconfortáveis. Temos exemplos de todas as formas: um senhor de idade, um jovem e até mesmo um bêbe. Não tem como sair ileso desse episódio, ele vai mesmo tocar em você.
O restante da temporada segue Morpheus em sua busca para encontrar o Vórtice, um humano capaz de cruzar as fronteiras do mundo dos sonhos e o mundo real. São muitas questões para serem resolvidas no decorrer da temporada e a Netflix conseguiu utilizar bem os 10 episódios para contar essa história.
De quebra, ainda tivemos um episódio extra em duas partes. Em “Calíope”, um escritor tem como prisioneira uma das nove musas da mitologia grega, Calíope. Ele a usa para ter inspiração em suas histórias, o que pode lhe custar muito caro. Já a animação “O Sonho dos Mil Gatos”, fala sobre um gato que teve contato com Morfeu em sua forma felina.
A primeira temporada de Sandman surpreendeu até os fãs mais chatos (não todos, sabemos disso) e o principal: agradou o grande público. O que lhe garantiu uma segunda temporada. É torcer para que Neil Gaiman continue tendo poder criativo para que a série nunca perca a qualidade.
Confira o trailer de Sandman
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.