Capa de O Problema dos 3 Corpos

O Problema dos 3 Corpos | A Netflix tem mais um problema em suas mãos

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Apesar do alto investimento da Netflix e do desejo pelo sucesso,  a série O Problema dos 3 Corpos vive de um ou outro bom momento, mas acaba sempre com a sensação de ser vazia.

Logo de início é impossível não prestar atenção nos nomes de David Benioff e D. B. Weiss, ao lado de Alexander Woo, como criadores da série. Isso porque, obviamente, os dois foram responsáveis por um dos maiores fenômenos recentes da tv mundial, Game of Thrones. Comparar as decisões tomadas nessa nova adaptação com as feitas na série anterior é inevitável. Na época da primeira eles foram capazes de entregar grandes temporadas baseadas no texto de George R. R. Martin, mas a partir do momento em que alcançaram o material base, as coisas começaram a sair do controle e a queda de qualidade pode ser sentida pelos fãs da série.

Em O Problema dos 3 Corpos eles já têm uma história completa e não precisam enfrentar o mesmo problema que tiveram anteriormente. Dessa vez, eles precisam destrinchar o texto de Cixin Liu, que ganhou o Prêmio Hugo de melhor romance, e o desafio não é dos mais fáceis, o livro é carregado de conceitos de física, além de explorar fortemente a cultura chinesa e, principalmente, a Revolução Cultural Chinesa.

Muitas adaptações foram feitas para transpor a história para a Netflix e poder alcançar um público maior, muito do material base foi simplificado para facilitar o entendimento, personagens foram alterados, novas passagens foram acrescentadas, ambientações mudadas, coisas que são de praxe em uma adaptação.

John Bradley-West em uma cena de O Problema dos 3 Corpos

Talvez o ponto mais relevante desse processo tenha sido a decisão de trocar o protagonista único do livro por cinco protagonistas na série, cada um ficando responsável por uma parte da vida do protagonista original. Uma decisão compreensível quando se precisa ter conteúdo suficiente para 8 episódios de cerca de 1 hora cada, o problema é que nenhum desses personagens ganha o aprofundamento devido e em nenhum momento existe o mínimo medo de se perder um deles, não há um sentimento de urgência e medo por eles.

As simplificações eram todas esperadas, mas em diversos momentos elas são exageradas e parecem menosprezar a inteligência do público, até mesmo histórias de personagens que são centrais para suas decisões futuras são alteradas, deixando eles rasos, sendo o mal pelo mal, sem uma construção interessante. O que não é culpa do elenco, que conta com bons nomes como Elza González, John Bradley-West, Benedict Wong, Jess Hong, Jovan Adepo, Alex Sharp, Liam Cunningham, Jonathan Pryce, isso só para citar alguns.

Toda adaptação sempre vai ser passível de críticas e comparações, mudanças são inevitáveis e sempre bem-vindas. O problema é quando essas mudanças diminuem a força da obra, como parece ser o caso aqui. O Problema dos 3 Corpos carece de carisma, parece faltar “alma”.  Obras de ficção científica levam consigo sempre um tema por trás de todas as suas teorias e propostas, já a série parece vazia e falha nesse quesito primordial.

O material é bom, os atores são bons, o investimento é visível, uma história interessante pode ser vista em algum lugar ao longo de todos os episódios, resta saber se serão capazes de encontrar essa história numa possível segunda temporada, ainda não é tarde para O Problema dos 3 Corpos. 

O Problema dos 3 Corpos – Trailer


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