Love, Victor: Crescer entendendo que somos cheios de possibilidades, que somos válidos e que fazemos parte de um todo é um privilégio que todos merecem ter.
Representatividade é uma palavra que tem estado por toda parte ultimamente, se vê na TV, no cinema, na literatura, em todas as formas de arte. É algo único, é saber que existem pessoas como você e que elas importam, que existe um futuro e que não é necessário se sentir sozinho no mundo. É algo ainda recente, mas que vem crescendo e espero que continue, sem fim. Como eu gostaria de ter tido uma Love, Victor para assistir quando era adolescente, nessa época tão conturbada, nessa bagunça que faz parte do nosso crescer.
A nova série do Hulu é sobre isso, baseada no livro Simon vs A Agenda Homo Sapiens, que também inspirou o filme Love Simon, Love, Victor funciona como uma sequência direta do filme, apesar de não termos os mesmos personagens, ser uma nova história, os antigos ainda aparecem em alguns momentos e fazem parte da trama principal.
Agora acompanhamos a vida de Victor (Michael Cimino) que, assim como Simon, vive a pressão de se descobrir como pessoa, de explorar sua sexualidade e de se aceitar, de se livrar da culpa de carregar um segredo, um peso com o qual a maioria das pessoas LGBTQI+ convivem. Mas, diferentemente do personagem do filme, Victor não tem uma família que claramente vai lhe dar suporte, devido a sua religião e seus princípios conservadores em muitos aspectos.
Love, Victor é um grande amontoado de clichês de comédia romântica, até sua abertura que lembra muito séries dos anos 90 e início dos anos 2000. E isso é maravilhoso, é incrível, porque representatividade não é só ter migalhas, é estar por toda parte, é normalizar o que é normal, é ter dramas, filmes de ação, de aventura, de comédia, é ter tudo, é ter personagens LGBTQI+ por toda parte.
Como um membro dessa comunidade, posso dizer que estamos cansados do personagem que se apaixona, que tem uma vida difícil e tem um final triste e trágico. Não queremos que todo filme sobre nós seja sobre a epidemia da AIDS, não que não seja importante falar sobre isso, mas existe muito mais do que isso e queremos tudo, estamos famintos por esse conteúdo.
Love, Victor é divertida, engraçada, apaixonante, tem personagens cativantes e momentos que te colocam um sorriso no rosto, é mágico ter isso, ver isso, se ver ali. E, além de tudo, ainda temos o fato de um protagonista latino e personagens diversos por todo o elenco. Claro que ela tem suas falhas, que tem o que melhorar, mas hoje não quero falar sobre isso, hoje só quero comemorar e ficar feliz pelos adolescentes de hoje que tem o privilégio de ter uma série como essa disponível e torcer para que isso faça com que eles se sintam menos sozinhos e entendam que o futuro deles, como o de qualquer pessoa, é cheio de possibilidades.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.