Maus: obra vencedora do Prêmio Pulitzer é o tipo de leitura que nos faz refletir e questionar muitas coisas, mas, principalmente: até que ponto a humanidade consegue ser tão cruel?
Demorei bastante tempo pra concluir a leitura de Maus, muito mais do que esperava. Eu já sabia do que se tratava, mas não estava preparado pra essa leitura e acho sinceramente que ninguém está. Maus é um daqueles trabalhos que se uma pessoa disser que histórias em quadrinhos é “coisa de criança” você deve apresentar. Posso garantir que o conceito que ela tem sobre esse tipo de arte vai mudar drasticamente.
Maus não é uma leitura fácil, mas não por seu texto ser difícil de ler, muito pelo contrário. O roteiro de Art Spiegelman é ágil, ele não deixa o ritmo cair e nos mantém imersos na história do seu pai. O problema é justamente esse, ficamos imersos demais, é difícil ler todo o sofrimento que o Sr. Spiegelman sofreu durante a guerra, é difícil ler como ele sobreviveu a todo aquele horror, estando perto da morte várias vezes, sendo separado de sua esposa e perdendo amigos e familiares pelo caminho.
A arte deixa tudo ainda mais tenso, a representação dos judeus sendo ratos foi uma maneira inteligente e sútil de nos mostrar de uma forma bem didática como os nazistas os enxergavam, já que os soldados de Hitler estavam sendo retratados como gatos. A história seguir toda em preto e branco também deixa tudo ainda mais triste, afinal, o mundo naquele momento era isento de cor.
A narrativa, apesar de mostrar os acontecimentos da guerra de maneira linear, não foca apenas nela, também é mostrando o presente, onde o próprio Art Spiegelman aparece entrevistando seu pai, que agora já é um senhor de idade. A conturbada relação dos dois é muito explorada no decorrer da história, principalmente quando o assunto em questão é Mala, a mãe de Art, que cometeu suicídio anos atrás.
Maus é uma HQ extremamente madura e que deveria ser obrigatória para qualquer pessoa, seja ela um leitor de quadrinhos ou não. É um trabalho comovente, uma história real de um herói verdadeiro, que sofreu e teve que se manter vivo e que, anos depois, pode nos contar sua história: como ele sobreviveu a um dos capítulos mais vergonhosos da história da humanidade.
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.