Ford vs Ferrari: Essa é a história sobre dois homens que amam a velocidade, mas que amam ainda mais a amizade que nutrem um pelo outro.
O último filme com pegada automobilística que eu assisti foi o ótimo Rush: No Limite da Emoção. Mais recentemente, escrevi sobre a série documental Fórmula 1: Dirigir Para Sobreviver, disponível na Netflix. Não entendo muito de carros e confesso não acompanhar a Fórmula 1 com a mesma intensidade de antes, mas o automobilismo sempre me chamou a atenção (minha coleção da HotWheels que o diga). É emocionante assistir carros velozes se gladiando e é emocionante ver as pessoas tentando domar a máquina para que ela obedeça ao seu comando. Definitivamente, não é um esporte pra qualquer um, não é um carro para qualquer um, como é falado para Henry Ford II (Tracy Letts).
A história começa quando o próprio Henry Ford II pede para que seus funcionários “voltem pra casa” e só retornem com uma ideia para melhorar as vendas. O chefe de marketing da Ford, Lee Lacocaa (Jon Bernthal) convence o todo poderoso da Ford a participar de corridas internacionais, pois até aquele momento a Ford só participava de corridas da Nascar. Ao entrar no cenário competitivo, ele bateria de frente com a hegemonia da Ferrari, sempre campeã de uma das corridas mais famosas do mundo, a 24 Horas de Le Mans (disputada até hoje!).
Resumindo a “treta”, a Ford tenta comprar a Ferrari, mas os italianos não cedem, pelo contrário, usam a proposta da Ford para subir seu valor no mercado. Além disso, Enzo Ferrari (Remo Girone) insulta Henry Ford II, dizendo que ele não é como seu pai. A partir desse momento a disputa fica pessoal e as coisas começam a pegar fogo! A Ford chama o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para comandar a equipe e montar um carro capaz de derrotar a Ferrari. Shelby, por sua vez, confia apenas em um piloto, seu amigo Ken Milles (Christian Bale), para ajudá-lo a construir o carro mais veloz do mundo.
Por sinal, posso falar com toda certeza que Christian Bale é a alma desse filme. Seu personagem é perfeccionista, esquentado e irritante a todo momento. Ele é humano. É até estranho falar isso, mas ele te passa uma humanidade tão grande, que parece que ninguém mais sabe atuar quando ele está por perto. Ele consegue fazer um personagem caricato não ficar caricato. Ele é o cara que conversa com o carro, que sente o carro, é como se o carro e ele fossem apenas um. É realmente uma pena ele não ter sido indicado ao Oscar desse ano.
Mas, uma das grandes qualidades de Ken Milles é de como ele é amigo de Carroll Shelby, estando ali sempre que ele precisou, até quando teve motivos para virar as costas. O núcleo familiar também é vital para entendermos seu personagem, sua relação com a esposa Mollie Milles (Caitriona Balfe) e com seu filho mostram o tipo de pessoa que ele era. A amizade entre ele e Shelby é que faz a roda girar. O companheirismo e a confiança um no outro é tão grande, que Shelby basicamente deixa o destino da sua empresa nas mãos de Ken.
Mas, essa não é só uma linda de história de amizade, existe também o lado sujo: o lado coorporativo. Afinal, você não assume uma equipe automobilística sem ferir egos. E aqui a representação do ego ferido é o executivo Lee Beebe (Josh Lucas), braço direito de Henry Ford II. Sua rixa pessoal com Ken Milles mostra até onde um homem vaidoso pode ir, chegando ao ponto onde suas atitudes podem inclusive prejudicar os interesses da empresa. E, bem, Josh Lucas sabe fazer um personagem antipático.
Quanto às cenas de corrida, meu amigo… são impressionantes! Todo a ambientação por si só é impecável, o que transforma as corridas em um espetáculo. Eu vejo que um filme esportivo me pegou de jeito quando me vejo torcendo, como assistir ao vivo. Meu coração acelerou em diversos momentos, foi lindo de assistir as batalhas travadas na pista. A corrida das 24 Horas de Le Mans é maravilhosamente filmada!
O diretor James Mangold, de Logan, entregou um filme recheado de emoção e com doses cavalares de velocidade. Já é um dos meus favoritos da vida, ao lado de Rush. Ford vs Ferrari está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme. Merecidamente.
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.