A Favorita: Olivia Colman merece tudo de bom nesse mundo e nesse filme ela prova isso sem sobra de dúvidas.
Rainha Anne (Olivia Colman) governa trancada em seus aposentos. Doente não só física, mas também mentalmente, ela é manipulada por Sarah Churchill (Rachel Weisz), uma mulher cheia de ambições políticas. Ela e seu marido crescem devido a sua aproximação com a rainha com quem vive uma relação amorosa que não fica clara se é real ou apenas movida por interesses. Abigail Masham (Emma Stone) é acolhida por Sarah e passa a observar sua relação com a Anne e se aproximar aos poucos.
O que se parece uma grande tragédia, na verdade se desenvolve como uma deliciosa comédia, com momentos de extremo nonsense, apesar de algumas coisas serem reais e hábitos da corte, com suas roupas e maquiagens espalhafatosas e sua pouca empatia para com o povo que eram meros peões no jogo político por poder da época.
Abigail é uma manipuladora nata e faz de tudo para se tornar a favorita aos olhos da rainha e se livrar de Sarah. A Favorita diverte com as situações bizarras que surgem desse jogo entre as três, muito se deve à capacidade das atrizes envolvidas e como cada uma lida bem com seu papel, mas o destaque principal fica por conta de Olivia Colman que transita entre a comédia e o drama de forma impecável, com nuances de expressões e gestos que só uma grande atriz seria capaz de transmitir.
Tudo isso muitas vezes limitada em uma cama e uma cadeira de rodas devido aos problemas de saúde da rainha Anne. Não seria exagero Colman sair dessa temporada de prêmios com vários deles, inclusive me faria muito feliz. É algo que deve ser assistido e apreciado, poucos tem o talento para lidar com a comédia e o drama da forma que ela foi capaz aqui.
Outro bom destaque de A favorita é o figurino e a ambientação impecáveis, cada detalhe foi minuciosamente bem pensado, tudo em seu devido lugar para transmitir toda pomposidade dos nobres daquela época, coisas que beiram ao ridículo, hábitos que seriam difíceis de se acreditar se não estivessem nos livros de história.
Apesar de um segundo ato do filme ser muito longo, no qual perde força e um final anticlimático que pode não agradar todo mundo, A Favorita vale muito pelo show de Colman e suas coadjuvantes, por saber lidar com o humor e o drama e por criar algo único e divertido.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.