Na pele de Guy Williams, Zorro ganhou uma versão em live action que permanece no imaginário popular até os dias de hoje.
Lembro-me bem de chegar em casa da escola e ver meu pai assistindo o clássico Zorro na Band. Eu me divertia horrores vendo a Raposa passar a perna no exército espanhol, em especial, no atrapalhado Sargento Garcia. Além disso, é claro, havia os duelos de esgrima, que sempre prendiam minha atenção.
Antes de prosseguir, não posso deixar de fazer uma menção honrosa ao Antonio Banderas, que honrou o legado do Zorro em dois filmes super legais que, de certa forma, dão uma continuidade à saga de Don Diego de la Vega, que passa seu legado para o personagem de Banderas, Alejandro Murrieta. Os filmes A Máscara do Zorro (1998) e A Lenda do Zorro (2005) fazem tão parte da minha infância e adolescência quanto a clássica série de TV.
Voltando à série estrelada por Guy Williams, assisti novamente Zorro com meu pai já tem um tempinho. Para minha surpresa, todos os episódios estão disponíveis na Disney Plus, inclusive com a dublagem clássica. Mas, o que me deixou ainda mais feliz é que a imagem está em preto e branco. Já explico o motivo.
Algo que sempre me incomodou em Zorro era a qualidade da imagem. E olha que nem estou levando em consideração as dificuldades de se conseguir uma imagem boa de TV na época. A imagem era escura e mesmo assistindo um ou outro episódio posteriormente em HD, os episódios permaneciam muito escuros, como se estivesse com o contraste nas alturas. Algo que é completamente consertado com a imagem limpa em preto e branco.
Podemos ver tudo com muito mais clareza, inclusive as cenas da noite, que eram as mais prejudicadas na versão colorida. Assim, podemos ver com muito mais clareza a raposa invadir o quartel general dos soldados espanhóis para libertar algum injustiçado.
Isso me dá o gancho para prosseguir falando sobre a trama de Zorro. Aqui, o personagem é quase uma mistura de Superman com Batman, principalmente no que diz respeito a esconder sua identidade secreta. O Diego de la Vega de Guy Williams se assemelha ao Clark Kent de Christopher Reeve, sempre muito atrapalhado e longe de qualquer suspeita, um homem apenas da poesia que abomina a violência, capaz de sacrificar sua imagem pessoal para proteger seu segredo.
Quanto ao Batman, Diego volta para a Espanha, onde recebeu um excelente treinamento militar, se destacando como o melhor esgrimista da academia, habilidade essa que ele esconde a qualquer custo quando retorna à Califórnia, a pedido do seu próprio pai, Alejandro de la Vega, para ajudá-lo a enfrentar o tirano Capitão Monastério, comandante da Califórnia.
Porém, apesar dessas semelhanças, Diego tem suas próprias camadas e é frequentemente testado. Por muitas vezes, é seu amigo e cúmplice, Bernardo, que o impede de fazer algo impulsivo que pode acabar revelando sua identidade, inclusive para seu próprio pai, que o vê como uma decepção.
Todos os arcos de Zorro são interessantes e, apesar de alguns serem longos, os episódios de 20 minutos são fechados, sem deixar aquele grande gancho para um próximo. Inclusive, o primeiro arco, que é o do Capitão Monastério, foi usado para fazer um filme, O Signo do Zorro, também disponível na Disney Plus. Ele reúne por volta de 6 ou 8 episódios, pegando partes principais da história. É uma ótima pedida para quem quer começar a se aventurar nesse mundo.
Mas, dentre todas as sagas (até onde eu assisti, pelo menos), o arco do Águia é o melhor. A história vem se desenrolando aos poucos, sempre com muitos espiões, códigos secretos, planos sórdidos e reviravoltas. São histórias de muita qualidade, que envelheceram muito bem, inclusive nas cenas de ação e aventura.
Por sinal, essa fase do personagem fez tanto sucesso que o quadrinista Alex Toth produziu, entre os anos 1950 e 1960, uma série em quadrinhos do Zorro que adaptava os roteiros da série de TV. Essas aventuras estão disponíveis no Brasil pela J. Braga Comunicação e pode ser adquirida no site da editora AQUI. Lembrando que Zorro foi criado pelo escritor Johnston McCulley para as revistas pulp em 1919 e ganhou adaptações no cinema entre as décadas de 1920 e 1940.
No momento, ainda não consegui assistir a nova adaptação de Zorro disponível na Prime Video, mas assim que rolar eu volto aqui pra dizer o que achei. Só posso dizer de antemão que fico feliz de ver o personagem voltando às telas depois de tanto tempo. Nossa velha raposa merece esse destaque.
Zorro – Abertura (1957)
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.