The Witcher tenta abraçar as críticas recebidas e evoluir, mas não consegue ao ponto de se tornar verdadeiramente interessante.
The Witcher recebeu muitas críticas em sua primeira temporada por ser uma série muito episódica. Cada episódio trabalhava algum conto presente em seus livros de origem enquanto recebíamos pequenos acenos referentes à sua trama principal.
Há quem prefira esse molde de série, que era comum na época em que convivíamos com mais de 20 episódios por temporada. Afinal, era necessário ocupar um espaço nesse meio para cumprir a demanda exigida pela TV, entretanto, isso não parece fazer mais tanto sentido quando abordamos uma história com poucos capítulos, de 08 a 10 normalmente. O que acaba fazendo com que o final sempre seja corrido e as pessoas se cansem no meio da jornada, não contribuindo assim para o atual cenário em que o normal é sempre assistir tudo em forma de maratona.
O início desse segundo ano da série não é animador para aqueles que teciam as críticas citadas, o primeiro episódio de seu retorno é uma história completamente isolada que, apesar de divertida, pode acabar afastando algumas pessoas que já estavam descontentes de seguirem.
Ele não contribui em nada para o eixo principal e não diverte tanto quando analisado separadamente, é uma história que só está ali. Talvez funcione para os fãs dos livros, talvez algum personagem de muita importância esteja ali, mas quando um produto é direcionado às massas ele precisa apresentar um pouco mais que apenas fã service.
Essa temporada de The Witcher começa a funcionar a partir de seu terceiro e quarto capítulos, quando passa a focar em sua trama principal, com uma pegada mais dark dessa vez, mas ainda com muita dificuldade de construir algo que realmente prenda a atenção, sempre parece estar faltando alguma coisa.
Não que a série não divirta, afinal, tem seus momentos, principalmente em suas cenas de ação, que funcionam melhor quando são contra magos e soldados e não contra os monstros que são visualmente muito falsos em tela, nos desprendendo do momento.
O que parece é que a série se propõe a uma grandiosidade que não consegue entregar, ela constrói aos poucos sua mitologia nos preparando para um final arrebatador que nunca chega, seja em seu clímax de batalha ou na evolução de seus personagens que parecem estar parados no mesmo lugar desde o início, apesar da tentativa de acrescentar camadas em alguns deles.
Nem mesmo a revelação final é tão interessante, o que é apresentado em seus últimos segundos já foi feito diversas vezes em outras produções e o que deveria gerar um choque não o faz, pois não precisa ser um mago ou bruxa para prever o que estava por vir.
The Witcher se esforça para mudar e evoluir através das críticas que recebeu, mas não o suficiente, alguns pontos foram bem trabalhados, mas outros ainda tem muito o que crescer, resta saber se a série tem essa vontade ou se as pessoas terão a paciência de aguardar isso acontecer.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.