Sweet Tooth

Sweet Tooth: O apocalipse nunca foi tão incômodo

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Pode uma série ser tão fofa e sombria ao mesmo tempo? Sweet Tooth tem a proeza de trazer o equilíbrio perfeito entre a luz e a escuridão.

O fim do mundo sempre foi um dos pilares da cultura pop. Há diversas histórias sobre desastres naturais, acidentes nucleares ou vírus zumbi. E tirando o exemplo do zumbi, as outras opções são muito “palpáveis”, mas nunca nos deixou desconfortáveis, ao contrário do que ocorre ao assistirmos Sweet Tooth. Por mais fantasiosa que seja a história, nunca um fim do mundo foi tão realista para nós.

As semelhanças com a pandemia de COVID-19 fazem com que o clima da série fique estranho e pesado. Claro, existe o fantasioso, mas o realismo de algumas situações causa sim a estranheza e é isso que Sweet Tooth tem de mais assustador. Vi inclusive diversos relatos no twitter de pessoas que estavam gostando da série, mas que pararam por se sentirem mal com as situações.

Mas afinal, o que tem de fofo nisso tudo? A resposta está em Gus (Christian Convery), o Sweet Tooth. Ou como foi adaptado, Bico Doce. A doçura e inocência do menino nos cativa. Por sinal ele é muito parecido com meu filho, tanto na aparência, quanto na atitude e até mesmo em ter um bico muito doce pra chocolate. É impossível não se encantar por ele. E aqui vai um aplauso de pé para Christian Convery, o ator mirim consegue carregar a responsabilidade de guiar a produção com extrema facilidade.

A relação entre ele e o grandão (Nonso Anozie) tem um começo bem clichê, mas funciona muito bem. O homem que se faz de durão e que não quer companhia, mas que no fim não resiste em querer ajudar é sim uma coisa batida. Mas é o que eu sempre digo sobre clichês: ele só não vai funcionar se você fizer mal feito. O que não é o caso aqui.

Sweet Tooth adapta o primeiro arco dos quadrinhos de Jeff Lemire. E apesar da história ser basicamente a mesma, muita coisa precisou ser ajustada para que funcionasse de fato na tv. A adição de novos personagens e até mesmo o melhor desenvolvimento de outros, faz alguns personagens que são centrais nos quadrinhos ficarem ainda mais interessantes, como é o caso do Dr. Singh (Adeel Akhtar).

Nessa caminhada entre a luz e escuridão, a Netflix conseguiu um ótimo equilíbrio e adaptou Sweet Tooth de forma fantástica. É torcer para que a segunda temporada mantenha o nível com bons roteiros e atuações e que a série siga fazendo jus a obra original, pois os quadrinhos são incríveis e a primeira temporada da série também.


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