Mindhunter: Acompanhar uma das melhores séries atuais é gratificante, mas os últimos acontecimentos deixam o medo do cancelamento no ar.
Com o crescimento natural da Netflix, era esperado que o investimento deles em conteúdo original aumentasse de forma orgânica e claro que nem tudo que passou a ser produzido tem qualidade irretocável. Assim como toda emissora que produz em grande escala, a Netflix passou a ter produtos questionáveis em seu catálogo, muito disso entra em uma questão de gosto pessoal, mas as séries e filmes que vêm sendo bem recebida pela critica diminuiu de forma considerável. No meio de todo esse novo conteúdo ainda se encontram poucos produtos inquestionáveis, entre eles está Mindhunter, que retornou para sua segunda temporada.
Muito desse sucesso se deve ao talento dos envolvidos, desde a mão pesada de David Fincher até o talento dos atores escolhidos. A série tem a cara do famoso diretor e os três primeiros episódios dessa temporada servem pra matar a saudade dele, já que não lança nada no cinema desde 2014 com Gone Girl. Assim como o diretor, nada disso funcionaria sem os atores envolvidos, cada um com um arco bem desenvolvido e com momentos pra mostrar seus talentos. Em uma série em que o dialogo é essencial, outros envolvidos de menor talento poderiam diminuir a força da série que se mantém muito por causa deles.
Nessa temporada, além de entramos na cabeça de novos famosos serial killers, também nos aprofundamos ainda mais na arrogância de Holden (Jonathan Groff), acompanhamos a luta de Bill (Holt McCallany) para equilibrar sua vida pessoal e os dramas de sua família com o desenvolvimento do trabalho no FBI e ainda aprendemos mais sobre Wendy (Anna Torv), personagem que ganha mais camadas e um arco maior. Destaque também para os atores que interpretam os assassinos retratados nesse ano, além da semelhança física eles entregam grandes atuações.
Nesse segundo ano Mindhunter retorna ainda mais tensa, dramática e com diálogos ainda mais precisos. Ainda acompanhamos as visitas e entrevistas aos famosos serial killers, mas a série dessa vez foca mais em um específico que aterroriza Atlanta com o assassinato de diversas crianças, tudo isso envolto em uma relevante discussão sobre questões raciais que não poderia ficar de fora devido a época em que retrata os acontecimentos. Enquanto acompanhamos a trama principal, uma secundária vem sendo preparada aos poucos para ser desenvolvida nas temporadas seguintes, algo que já vinha sendo feito desde a primeira temporada.
Mindhunter é um dos grandes conteúdos originais da Netflix que merece mais destaque em meio ao grande público, em outros tempos estaríamos apenas ansiosos para as próximas temporadas, mas devido aos últimos acontecimentos apenas temos que torcer para não ser mais uma das grandes produções canceladas. Mindhunter merece que sua história seja contada até o fim.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.