Lucifer

Lucifer | O diabo está de volta e pronto para seduzir você

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Após cancelamento traumático que gerou a revolta dos fãs, a Netflix resgata Lucifer para mais uma temporada.

Ganhar mais uma chance não é para qualquer série. Inúmeras outras estão sendo canceladas, algumas nos deixando órfãos e outras com um sentimento de “já foi tarde”, algumas com qualidade, outras que chega ser melhor não comentar. Lucifer fica perdida nesse meio. Ao longo das três temporadas anteriores, ela teve bons momentos e alguns vergonhosos.

A terceira temporada pode ser vista como um erro quase geral, teve um início e um final interessantes, mas todo o meio (tirando um ou dois episódios) é uma perda de tempo completa. Ao fim da terceira temporada, Lúcifer (Tom Ellis) enfim se revela para Chloe Decker (Lauren German) e o final extremamente aberto seguido do cancelamento gerou a revolta dos fãs que começaram campanhas para a Netflix salvar a série. Mas, será que sem esse final ela causaria tal comoção? A série nunca esteve entre as melhores, então ficou no ar a questão se esse salvamento realmente valeu a pena.

O primeiro ponto positivo do retorno, com certeza, é a redução do número de episódios, dos mais de 20 anteriores para apenas 10. Apesar de permanecer procedural, essa redução faz com que os arcos principais se mantenham no foco e sejam desenvolvidos ao longo da temporada sem se perder.

Claro que isso não quer dizer que tudo foi perfeito, algumas histórias ficam perdidas e mal desenvolvidas, e alguns personagens fazem falta, como Trixie (Scarlett Estevez) que rendia ótimos momentos nas últimas temporadas com sua relação com Maze (Lesley-Ann Brandt), agora a garota tem poucas cenas e, tirando um episodio, tem pouca importância para a trama.

Outros personagens têm arcos questionáveis como Dan (Kevin Alejandro) e seu eterno luto e ódio por Lúcifer, que nunca é punido por seus erros, como o próprio personagem diz ao fim da temporada. Ella (Aimee Garcia) permanece gerando muitos momentos divertidos e sendo um dos melhores personagens com seu questionamento sobre a existência de Deus.

Contudo, o destaque entre os coadjuvantes fica para Linda (Rachael Harris) e Amenadiel (D. B. Woodside) que precisam lidar com a paternidade e a escolha do anjo de permanecer na Terra e aprender sobre os humanos como seres falhos, tendo que conviver com o racismo e a violência policial por ter a aparência de um homem negro. Esse sendo mais um acerto da temporada, os arcos dramáticos e existe mais investimento dessa vez, todos tem seu momento de destaque, os personagens amadurecem mais do que em todas as temporadas anteriores.

Quanto ao trio principal da temporada, Tom Ellis segue sendo um poço de carisma, ainda mais presente agora, ele parece mais solto e domina o personagem com perfeição tanto em seus momentos de humor, quanto no drama, ele entende a complexidade do personagem e sabe dosar isso, com direito a número musical, gritos de fúria e ótimas piadas com o fato de todos conseguirem acesso a seu apartamento e ele acreditar em qualquer estranho ao invés dos amigos que o acompanham.

A escolha de como Chloe lida com a descoberta da verdade sobre Lúcifer é interessante e não perdem tempo arrastando todo o seu sofrimento, mas infelizmente a personagem é prejudicada por causa do eterno vai e vem no romance entre os dois. Os roteiristas parecem às vezes estarem perdidos quanto ao que fazer em relação ao casal.

A nova introdução ao cast é Eva (Inbar Lavi) que aparece como ex-namorada de Lucifer e, apesar dos bons momentos, a personagem é superficial, sendo retrada apenas como a bobinha divertida que encanta a todos e gera conflitos entre o casal principal. Ela tem bons momentos quando questiona sua existência e o fato de ter sido criada da costela de Adão para ser sua esposa, sem ninguém nunca ter realmente pedido sua opinião, mas isso fica apenas na superfície.

De forma mais inteligente, ao final dessa temporada, não temos um final tão aberto quanto na última, caso esse seja o final derradeiro, tudo bem, ele funciona assim e ninguém poderá ficar tão revoltado quanto da última vez. Porém, caso seja renovada, os caminhos estão abertos e eles tem para onde seguir.

Lucifer voltou melhor, mais equilibrada, usando muito mais do seu potencial. Apesar de ter muito o que melhorar, ela dá um passo importante em sua evolução com as bem-vindas mudanças e mantém sua essência, o que vai agradar aqueles que tanto lutaram para trazê-la de volta e talvez consiga reconquistar alguns dos que a abandonaram ao longo do caminho. Afinal, nunca é tarde demais para dar mais uma chance para o Demônio, ainda mais quando ele está na pele de Tom Ellis.


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