Drácula: Parceria entre a BBC e a Netflix tenta trazer de volta o vampiro que marcou sua história na literatura e no cinema.
Histórias de vampiro tem suas diversas versões em todas as mídias, é preciso garimpar entre elas as realmente boas. Muito do mito já foi alterado, nem tudo sendo aprovado pelo público. O que é feito aqui é resgatar bastante desse mito original, ao menos é o que o primeiro episódio parece transparecer, principalmente ao demonstrar as fraquezas do Conde.
Com um inicio focado na relação de Jonathan Harker com o Drácula, a série traz os elementos clássicos de sedução do vampiro, de um castelo que parece ter vida e ser um dos personagens, com o enfraquecimento de Jonathan ao longo de seu envolvimento e alguns dos elementos do livro de Bram Stroker. Usando muitos efeitos práticos a série tem um quê dos primeiros filmes do vampiro, além de alguns elementos gore, fazendo com que algumas cenas beirem a ridículo, mas funciona e diverte, dando até mesmo um certo charme a mais.
Apesar dos elogios anteriores e do bom trabalho dos atores envolvidos, trazendo personagens carismáticos e cativantes, a série sofre de um problema, na verdade eu diria dois problemas. Mark Gatiss e Steven Moffat, a dupla responsável por sucessos indiscutíveis como Doctor Who e Sherlock, traz para Drácula todo o seu talento em alguns momentos, mas também todos os seus vícios já perceptíveis em trabalhos anteriores, coisas que funcionaram antes, mas que aqui parecem deslocadas.
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Como personagens com falas extremamente rápidas, outros que chegam a soluções estranhas simplesmente porque o roteiro disse que seria assim, o humor que parece não combinar com a época retratada, mas acima de tudo o seu personagem “espertinho”, que combina todas as características anteriores em um único ser, isso tudo acompanhado de sua extrema inteligência e seu constante deboche para com todos a sua volta.
Personagem esse que já funcionou em outras séries, mas que aqui, como dito antes, parece deslocado, ele te tira de toda a ambientação, não combina com a atmosfera já construída da série, parece um elemento retirado de outro lugar e posto ali, um intruso. Isso causa um desconforto e uma perda de conexão com a série, prejudicando a experiência e enfraquecendo o episódio.
Porém, por todas as suas qualidades, Drácula vale o tempo, investimento e uma chance para mais alguns episódios. Ela tem muito o que entregar ainda e talvez com o tempo Mark Gatiss e Steven Moffat acertem a mão com a série. Afinal, um personagem como esse quando bem feito é extremamente sedutor e cativante. Há anos não temos uma boa representação do nosso “querido” Conde, acredito que nessa fé por uma boa história de um personagem tão interessante vá residir a vontade para continuar até o fim.
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Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.