Marvel acerta em não ignorar o passado do Demolidor, mesmo que isso tenha sacrificado um pouco o retorno do Demônio de Hell’s Kitchen.
Se existe uma quase unanimidade entre os fãs é o acerto que a Marvel/Netflix tiveram ao produzir as 3 primeiras temporadas de Demolidor. Ótimos personagens, trama envolvente e violência na medida certa. O grande público abraçou a série, que se tornou uma referência em como os personagens urbanos da Marvel deveriam ser adaptados.
Após uma grande novela sobre se essas 3 temporadas “originais” seriam ou não cânones, a Disney bateu o martelo que sim, mesmo com a produção já em andamento. Embora essa fórmula de trocar o pneu do carro com ele andando tenha se provado uma péssima ideia, a Disney acertou.

Sim, Demolidor Renascido (Daredevil: Born Again) sofreu com essa mudança de rota, principalmente com um ritmo muito mais lento. Foram 5 episódios até que Matt Murdock voltasse a colocar a máscara, o que para uma série de 8 episódios foi muito, ainda mais quando levamos em conta o episódio do banco que levou de lugar nenhum a nada. É um bom episódio? Sim! Acrescentou algo substancial na história principal? Não! Foi um filler de luxo pra uma série que pretendia ter mais episódios. Muito provável que já estivesse gravado e, pra não jogar fora, utilizaram.
Mas, no fim, é um sacrifício que valeu a pena. Veja bem, já tínhamos tudo pronto! Personagens estabelecidos e conhecidos pelo público e, mesmo que o plano original fosse fazer um soft reboot, seria um desperdício ignorar todo o desenvolvimento entre Matt e Wilson Fisk, apenas por um capricho.
A série já começa com os personagens que aprendemos a amar e nos importar. A decisão criativa que força o Demolidor a se retirar é boa e a caminhada para que Matt volte a ser um vigilante é ainda melhor, principalmente quando temos um paralelo tão bem trabalhado com Wilson Fisk. É muito bom ver dois inimigos mortais tentando negar sua própria natureza ao mesmo tempo em que, aos poucos, vão deixando ela florescer. Não há como negar: Matt é o Demolidor e Fisk é o Rei do Crime (agora prefeito de Nova Iorque).

Outro acerto foi manter a atmosfera original com a mesma violência visceral, que fez da série um fenômeno. E, claro, como não ficar feliz com a volta de Jon Bernthal como Frank Castle, o Justiceiro. Outro personagem que foi muito bem trabalhado lá atrás e que seria um belo desperdício deixar de fora da festa.
Por sinal, as cenas do Justiceiro com o Demolidor são umas das melhores coisas da temporada, seja com eles brigando, conversando ou discutindo, a química entre os personagens é fenomenal. Você fica sedento querendo mais daquilo. O núcleo urbano da Marvel, se seguir nessa pegada, tem tudo pra funcionar por um bom tempo. É como disse lá no começo: valeu a pena demais sacrificar o plano original, mesmo que a série tenha sofrido um pouco.
Demolidor Renascido serviu para preparar o terreno para novas histórias urbanas, repletas de vigilantes e tomadas pelo caos causado pelo prefeito Wilson Fisk. Meus amigos, a próxima temporada promete demais. Estou feliz por ter voltado ao Hell’s Kitchen!

Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.