Com a segunda temporada recém-lançada, DARK definitivamente se consolida como uma obra-prima da atualidade.
Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, DARK estreou em dezembro de 2017, ainda sem altas expectativas. Porém, o recebimento do público foi excelente e a segunda temporada foi, enfim, aprovada. Assistimos, depois de longa espera, a nova temporada e podemos dizer que DARK, sem dúvida, entrou para o hall das séries mais complexas, sólidas e queridas do público. A qualidade do trabalho executado é de deixar qualquer um boquiaberto. A trilha sonora, a fotografia, a escolha do elenco. Tudo foi minimamente bem trabalhado. Sem falar do desenrolar da trama que foi estarrecedor!
Tudo que achávamos que sabíamos na primeira temporada, começou a cair por terra na segunda. As perguntas feitas na primeira foram, enfim, respondidas na segunda. Eles não deixaram lacunas! Dúvidas foram sanadas e muitas teorias ficaram pra trás. Eles conseguiram nos surpreender. Além de nos fazer conhecer melhor todos as personagens, nos envolver ainda mais em suas histórias e descobrir novas facetas de cada uma delas.
É simplesmente fantástico ver a forma como os roteiristas conseguiram criar uma trama concisa, bem escrita, onde tudo que nos é posto tem sentido diante de tudo que já foi passado. Até mesmo o que não é dito, é colocado ali nas entrelinhas e surpreende aos olhos mais atentos. Eles colocaram a primeira temporada como uma premissa que agora foi dignamente fundamentada.
A trama da segunda temporada de DARK se desenvolve ainda mais com a viagem no tempo como foco principal. Tudo gira em torno do tempo e o que a humanidade sabe e pode fazer diante dele. Há todo um conceito por trás dessa representação do que é, de fato, a viagem no tempo e suas inúmeras consequências.
Não é apenas mais uma história sobre esse tema jogada de qualquer forma e que a gente apenas compra. Não, eles trataram o assunto de forma extremamente sutil, com pequenos detalhes, nos fazendo pensar como parte da trama, nos trazendo pra perto das personagens e nos fazendo sentir (e até duvidar) como elas.
A série mostra o nosso desejo em saber mais sobre o que ainda não temos total conhecimento, a nossa busca pelo entendimento quanto a nós mesmos, quem somos, se fomos realmente criados ou se somos resultado da evolução, o que nos motiva, o que queremos, podemos ter o que desejamos, podemos alcançar a sabedoria e ir além do que nossa limitação humana permite? Podemos mudar o nosso destino ou nosso destino já está traçado não importa o que façamos para impedir? Ou será nossa tentativa de mudança que fará com que tudo aconteça?
Mas, o que sabemos, de fato, sobre o tempo? Uma vez que os relógios não são aptos a medir o tempo em absoluto. Para Einstein, não há sentido dividir passado, presente e futuro. Sua Teoria da Relatividade nos leva a enxergar o Universo no qual o tempo e o espaço se encontram diante de nós em toda a sua dimensão e que tudo acontece ao mesmo tempo. Como um oroboro, há um ciclo da evolução que se fecha em si mesmo, um eterno ciclo onde não há como alterar seu passado, pois ele está juntamente ligado ao seu futuro, onde o tempo é apenas um ponto de vista. Disse Einstein:
“Pessoas como nós, que acreditam na física, sabem que a distinção entre passado, presente e futuro
é apenas uma ilusão teimosamente persistente”.
Todo esse questionamento é colocado em DARK da forma mais filosófica possível, através das escolhas e ações de cada um, como suas atitudes influenciam, de alguma forma, em sua própria personalidade, na criação de caráter ou desvio dele e até mesmo em seus próprios destinos. Como a melhor frase da série diz:
“Não somos livres nas nossas atitudes porque não somos livres nos nossos desejos, não conseguimos ir contra aquilo que está dentro de nós”.
A trama se desenvolve em um ciclo dentro de um ciclo, um looping dentro de outro (com possíveis danos aos nossos cérebros ao tentar acompanhar!), onde o passado influencia no futuro e vice-versa. Tudo em Winden está conectado! E é isso que torna essa série tão espetacular. Todos os detalhes são importantes, nada é por acaso. A série requer muita atenção e que mergulhemos nela com a mente bem aberta. Afinal…
“O que sabemos é uma gota. O que não sabemos é um oceano”.
A terceira temporada de DARK já está sendo gravada com previsão de lançamento para o ano que vem e estamos ansiosos para o desfecho dessa trilogia tão excepcional. Que venha a conclusão dessa que é uma das melhores séries já produzidas, não apenas na Netflix, mas como um todo!
Apaixonada por arte, música, literatura e filosofia. Adora a Disney, Harry Potter e Sherlock, além de ser viciada em memes. Ri de tudo, é meio perdida nas ideias, viajante do tempo nas horas vagas, só anda com fones nos ouvidos e ama tudo que é fofinho, inclusive o editor-chefe desse site.