Anéis de Poder tinha uma missão complicada: voltar à Terra Média para recontar a saga do Senhor dos Anéis, agora pelo comando da Amazon.
Como você reconta uma história que foi aclamada pelo público e crítica? Com certeza é uma tarefa difícil, todas as decisões criativas são questionadas e os comparativos se tornam inevitáveis. Em Anéis do Poder não é diferente.
A trama se passa antes dos acontecimentos das trilogias O Hobbit e O Senhor dos Anéis e mostra uma Terra-Média bem familiar, mas, ao mesmo tempo, um pouco diferente. Temos, por exemplo, um reino dos anões vivendo tempos de glória e hobbits sem moradia fixa, sendo verdadeiros nômades das florestas.
Completam os núcleos de personagens os humanos e os elfos, tendo destaque Galadriel (Morfydd Clark) e Elrond (Robert Aramayo), que dividem o protagonismo da primeira temporada. Enquanto Galadriel busca ajuda dos humanos para caçar Sauron, Elrond busca ajuda dos anões para salvar sua raça.
O mundo criado para a série é gigante, inclusive nós somos apresentados a terras muito distantes, como Númenor, que não faz parte da Terra-Média. Por sinal, a Nova Zelândia foi novamente escolhida para dar vida ao local, o que se provou uma ótima escolha mais uma vez. As belezas naturais são um espetáculo como sempre, principalmente durante o dia.
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Sendo bem direto, o ritmo da série é lento. Ela demora para realmente engatar, ainda mais por ser uma reapresentação da mitologia. Indo além da lentidão, algumas partes são realmente “chatinhas”. Não por culpa do ritmo e, sim, dos personagens, por exemplo, a criança/adolescente rebelde que sempre faz uma asneira (aparentemente uma figurinha carimbada em qualquer produção hoje em dia).
Quanto à narrativa, temos diversas situações ocorrendo, mas que estão conectadas de alguma forma. Talvez a mais distante seja a dos Hobbits que, em sua jornada, encontram um ser poderoso e sem memória que caiu do céu. A trama sobre o homem misterioso se arrasta por toda a temporada e, embora a gente desconfie que possa ser um certo personagem, nada é revelado.
É muita coisa ocorrendo ao mesmo tempo e, em determinados momentos, mesmo gostando desse tom mais lento, a série acaba se tornando monótona. Por outro lado, temos um desfecho de temporada emocionante, onde vemos a trama realmente tomando forma.
Quanto ao visual da série, temos designs belíssimos, porém simples. Um bom exemplo é no que se refere aos elfos, onde vemos lindas roupas, mas nada extravagante, o que não é nenhum demérito e, sim, uma decisão conceitual. Contudo, sendo bem sincero, é bonito só não enche tanto os olhos.
Vejo a primeira temporada como uma grande introdução a essa nova Terra-Média, onde apresentou novos personagens e reapresentou velhos conhecidos, os colocando em pontos da história onde podemos esperar coisas grandes acontecendo.
O fato é que a Amazon Prime não escolheu um caminho fácil e decidiu contar essa história da maneira que ela achava melhor, sem medo de olhar para a frente. Anéis do Poder teve sim um bom começo, mas precisa trazer o público para perto de forma mais envolvente sem perder sua essência.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – Trailer
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.