Periferia Cyberpunk

O Cyberpunk da periferia é o Cyberpunk raiz

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Em Periferia Cyberpunk, a Editora Draco nos apresenta uma série de histórias ambientadas em um Brasil futurista, que permanece com sua essência em meio à tecnologia e ao caos.

Se tem uma editora que ama quadrinhos nacionais, essa editora é a Draco. Nessa coletânea com mais de 170 páginas, vários autores se juntam para contar as mais incríveis histórias ambientadas no futuro cyberpunk de nosso país. A edição foi editada e organizada por Raphael Fernandes, que também é um dos roteiristas. Uma das coisas mais legais em coletâneas é ver os diversos estilos, tanto de escrita quanto de arte e, nessa em especial, a cultura de cada estado representada nessas histórias. Não é só porque se passa em um futuro cyberpunk que as raízes serão perdidas.

As culturas locais, a religião e o linguajar popular de cada estado estão muito bem representados nas páginas. E isso tudo é misturado na visão que os autores têm do futuro, sem se perder da proposta do quadrinho. Todas as possibilidades do futuro distópico são muito bem exploradas pelos autores, que brincam bastante com o uso da tecnologia avançada e mutações. Os implantes, as máquinas…é tudo muito bem construído em todas as histórias. Nota-se o cuidado para que a coletânea tenha uma unidade, ao mesmo tempo que se tem uma pluralidade de culturas e estilos.

A primeira história da coletânea, “Só os Vilão”, foi escrita por Airton Marinho, um dos autores de Helldang, e ilustrada por Jader Corrêa. A trama envolve perseguição de trem, robôs, mutantes e tecnologia avançada. É uma trama de ação pra ninguém colocar defeitos. A ilustração da capa do quadrinho é com base nessa história, por sinal.

“Iansã Ferida” é a segunda história da hq. Ela foi escrita por Guilherme Wank e tem a arte de Braziliano. Aqui o foco principal é a relação de duas amigas em meio ao caos da cidade. Por ser uma história mais lenta, ela faz um contraponto muito bacana com a anterior.  Aqui, a religiosidade e consumo de drogas também são explorados, o que deixa alguns quadros muito psicodélicos. Vemos uma grande habilidade de Braziliano, pois ele faz coisas incríveis utilizando apenas o preto e branco.

A história que vem a seguir é uma das minhas favoritas na coleção. “Um Tucano me Ensinou a Voar” foi escrita por Cauê Marques e desenhada por Cassio Ribeiro. Aqui, o foco em torno do trabalho pouco remunerado e da obsessão de um sapateiro. A história te surpreende de várias maneiras positivas, tanto pelas viagens e devaneios do sapateiro, como pela arte, que vai mais pro lado cartoon.

A quarta história se passa no Rio de Janeiro e se chama “Babel de Cristo”. Ela foi escrita por Lucas Barcellos e desenhada por Jean Sinclair. Aqui temos a volta de uma trama policial, mas dessa vez envolvendo sequestro. Os belíssimos desenhos são perfeitos para as sequências de ação, que envolvem bastante luta corporal. A devastada cidade do Rio também é belíssimamente ilustrada e possui detalhes de encher os olhos.

“O Golen Binário” escrito por Antonio Tadeu com a arte de Thiago Lima é o puro creme da insanidade que estava faltando aqui. Sério. Até o mento, todas as viagens estavam sendo “controladas”, diria eu. Nessa trama, temos uma verdadeira viagem no ácido, até mesmo nos desenhos, que são mais poluídos do que nas outras histórias. A vestimenta louca e a cidade repleta de fumaça e veículos bizarros dão uma identidade incrível para o “Golen Binário”.

A sexta história, “Condomínio Paradise”, escrita por Larissa Palmieri e desenhada por Azrael de Aguiar é mais contida que a anterior, mas segue nos deixando sem ar. Isso porque aqui temos aquele clássico sci-fi com toques de suspense e terror. Os desenhos são mais claros, mas conforme a história vai sendo contada, o branco vai dando lugar ao preto, deixando tudo mais sombrio. Tem um quê de Alien por aqui, sabe?

“Midriasi” é a penúltima história. Ela foi escrita por Bruna Oliveira e desenhada por Akemy Hayashi. Aqui temos como foco principal a manipulação de informações por parte da mídia. A crítica feita é maravilhosa e a trama é repleta de suspense e mistério. Os desenhos puxam mais pro preto e possuem muitos detalhes, o que combina perfeitamente com o que está sendo contado.

E, para finalizar, na coletânea temos “Fortaleza 2068”, escrita pelo editor da HQ, Raphael Fernandes e desenhada por Doc Goose. Aqui temos mais uma história policial, mas dessa vez com uma pegada bem oitentista, no melhor estilo de dupla policial. Aqui temos uma perseguição a um assassino pelas ruas futuristas de Fortaleza. Os desenhos são de um estilo mais cartoon e a violência gráfica bastante utilizada, temos tiros e sangue em quase todas as cenas de ação. Posso dizer que essa é a história mais divertida dessa coleção incrível.

Periferia Cyberpunk é uma publicação maravilhosa que precisa estar na estante dos fãs de quadrinhos de sci-fi. Ao terminar de ler, tive uma vontade incrível de consumir mais desse mundo, do qual eu já sou fã. Existem muitos quadrinistas nacionais talentosos por aí e essas HQs prestam um grande serviço de nos apresentar.

Ah, antes que eu me esqueça, a qualidade gráfica está impecável. A gramatura do papel é de muita qualidade e a impressão é perfeita. É qualidade para todo o lugar que se olha.

Periferia Cyberpunk está à venda no site da Editora Draco e você pode comprá-lo AQUI. Ou na Amazon, clicando AQUI.


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