O aguardado livro de Quentin Tarantino une memórias pessoais a reflexões sobre cinema e filmes que marcaram sua juventude.
Um dos mais célebres cineastas contemporâneos, Tarantino parece ser o maior entusiasta vivo do cinema. Em entrevistas, o diretor sempre comentava sobre o desejo de um dia escrever livros sobre filmes. E é isto que o leitor terá em mãos a partir de dezembro. Especulações cinematográficas, que chega às livrarias brasileiras pela Intrínseca, é tudo que os fãs dele — e todos os cinéfilos — esperavam: uma obra magnífica sobre a sétima arte.
Tarantino compartilha com o público sua visão sobre os filmes norte-americanos aos quais assistiu pela primeira vez na juventude, nos anos 1970, e que foram fundamentais para sua formação artística. Conforme analisa direções, produções, escalações e atuações, o autor especula outros caminhos possíveis para cada filme e não se furta a tocar em pontos polêmicos. Sobre Taxi Driver, obra emblemática de Martin Scorsese que segue desafiando o público, Tarantino reflete: “Taxi Driver é um filme sobre um racista ou um filme racista? A resposta, claro, é a primeira opção. E o que o torna uma audaciosa obra-prima é o fato de ousar fazer essa pergunta à plateia e ainda permitir que cada um chegue à própria resposta.”
Sobre a formação cinematográfica de Tarantino, é curioso o fato de que a mãe dele o levava para ver filmes destinados a adultos quando ele tinha apenas 7 anos de idade. Hoje, quando o cineasta rememora esses momentos para analisar suas influências, percebe que aquela era uma estratégia para que ele entendesse como o mundo dos adultos funcionava. “A certa altura, quando percebi que estava vendo filmes que os outros pais não deixavam os filhos assistirem, questionei minha mãe sobre isso. Ela disse: ‘Quentin, eu me preocupo mais com você assistindo ao noticiário. Um filme não vai te fazer mal algum.'”
Durante essa viagem por suas memórias, Tarantino reflete sobre o trabalho de diversos cineastas. Pedro Almodóvar aparece como um exemplo de inconformismo e inspiração para a violência cinematográfica tão marcante na obra do autor. “Os filmes dos meus sonhos sempre incluíam uma reação cômica a alguma coisa desagradável. Algo parecido com a conexão que os filmes de Almodóvar fazem entre o desagradável e o sensual. Sentado num cinema de arte em Beverly Hills, assistindo às imagens coloridamente vívidas e provocativamente empolgantes captadas em 35 mm e projetadas numa parede enorme — provando que era possível haver algo sexy na violência —, eu me convenci de que existia lugar para mim e meus devaneios violentos na cinemateca moderna.”
Uma rica análise cinematográfica, Especulações cinematográficas retrata diferentes períodos da história dos Estados Unidos, além das mudanças mais marcantes no cinema e na sociedade. Em sua estreia como autor de não ficção, Tarantino oferece ao leitor uma oportunidade única de navegarmos por sua mente artística e sabermos mais de suas opiniões e memórias pessoais. A obra é, em essência, uma história de amor pelo cinema e por todas as suas fascinantes nuances.
“Um olhar obsessivo de alguém que conhece Hollywood como poucos.”
— The New Yorker
“Uma excelente estreia de não ficção de um artista ímpar.”
— Kirkus Reviews
QUENTIN TARANTINO é considerado um dos maiores cineastas de sua geração — e de todos os tempos. Nascido em 1963 em Knoxville, no Tennessee, escreveu e dirigiu nove filmes, e já ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original duas vezes, entre diversos outros prêmios e indicações. Também publicou Era uma vez em Hollywood, romance baseado em seu filme homônimo. Especulações cinematográficas é seu primeiro livro de não ficção, muito esperado pelos fãs. Tarantino mora em Los Angeles e Tel Aviv.
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.