Em 1764, Horace Walpole, um excêntrico conde inglês, publicou o que seria denominado como o primeiro romance da Literatura Gótica, O Castelo de Otranto. Muitos escritores como Edgar Allan Poe e Bram Stoker foram influenciados por esse gênero a partir dele.
Horace Walpole, conde de Orford, era filho caçula do Primeiro-Ministro britânico Robert Walpole e formou-se no King’s College, de Cambridge, onde estudou matemática, música e anatomia. Em 1741, para seguir a carreira do pai, ingressou no Parlamento onde exerceu papel como deputado até 1745.
Walpole vivia em uma suntuosa residência nomeada como Strawberry Hill, perto de Twickenham. O castelo ao estilo neogótico criou uma nova tendência arquitetônica e influenciou o Conde na criação de sua história. Nela, ele possuía uma grande coleção de arte e sua própria imprensa (algo ostentoso até para os mais ricos daquela época). A construção está aberta ao público até hoje.
A história de O Castelo de Otranto foi apresentada de forma a não haver nada semelhante a ela. Foi um sucesso na tradicional e conservadora sociedade inglesa com toda sua trilha de suspense, fantasma e príncipes esmagados por elmos gigantes. Walpole tentava em sua publicação unir os gêneros classificados como romance antigo, no qual prevalecia a fantasia e a imaginação, e o moderno, onde se encontrava a descrição mais realista da natureza e das pessoas.
O Castelo de Otranto conta a história do Príncipe Manfredo, senhor do principado de Otranto, e sua tentativa de fugir de uma antiga profecia na qual sua familia estaria fadada a uma certa maldição. Certo de que conseguiria escapar, Manfredo organiza um casamento às pressas para seu único filho e herdeiro, Conrado.
Porém, todo seu infortúnio dá início quando a maldição começa a se cumprir aterrorizando a todos em seu castelo com o assassinato sobrenatural de Conrado. Manfredo, loucamente, tenta procurar culpados para a morte de seu filho, em uma inútil tentativa de não encarar o verdadeiro motivo da maldição ter recaído sobre sua família.
Em meio à toda essa loucura, surgem vários personagens misteriosos, fantasmas, há todo aquele cenário noturno que aumenta ainda mais o suspense da trama, além de revelações incríveis, incluindo quanto a legitimidade de Manfredo ao trono.
O Conde, ao usar a palavra Gótico em seu romance medieval, criou um novo conceito para ela. Antes era apenas voltada para se referir aos Godos, povo considerado bárbaro. Era comumente usada de forma pejorativa ao se referir à arquitetura da época, que se diferenciava do estilo romântico atual.
Agora, o termo se voltava para temas relacionados ao mistério, ao fantasmagórico, ao sobrenatural e ao macabro. Tudo isso influenciaria, ao longo das décadas, grandes escritores em suas obras como Frankenstein, Drácula, O Médico e o Monstro, até mesmo nos escritos de Lorde Byron e nos contos de Edgar Allan Poe.
Horace Walpole era um admirador de Shakespeare e se baseou em suas obras para compor seus personagens. Porém, ainda assim, conseguiu criar um novo gênero literário que se tornaria o preferido de gerações. Se hoje temos grandes histórias de suspense e terror, devemos agradecer a esse excêntrico Conde com o seu Castelo de Otranto.
O estilo de escrita pode parecer difícil de compreender no começo, afinal foi escrito em 1764. Porém, ao longo do livro a gente se acostuma ao estilo de Walpole e sua trama é tão misteriosa e incrível que nos faz querer apenas virar cada página. Então, fica nossa dica de leitura de hoje: O Castelo de Otranto.
Uma nova edição de O Castelo de Otranto foi lançada em 2022 pela editora Novo Século e está disponível na Amazon.
Atualizado em 03/03/2024.
Apaixonada por arte, música, literatura e filosofia. Adora a Disney, Harry Potter e Sherlock, além de ser viciada em memes. Ri de tudo, é meio perdida nas ideias, viajante do tempo nas horas vagas, só anda com fones nos ouvidos e ama tudo que é fofinho, inclusive o editor-chefe desse site.