Nascido em 7 de fevereiro de 1812, o escritor britânico Charles Dickens é considerado o romancista mais popular e importante da era vitoriana. Sua obra tem como base a crítica em relação à sociedade inglesa dessa época.
Da metade para o final do século 19, sob reinado da Rainha Vitória, a Inglaterra se consolidava como uma grande potência mundial através da Revolução Industrial. Com os avanços tecnológicos, de produção e em diversas áreas, o país cresceu e enriqueceu ainda mais. Porém, essa riqueza era unilateral e o crescimento era alcançado através o trabalho duro dos pobres sob condições desumanas. As pessoas trabalham cerca de 20 horas por dia, moravam em cubículos, toda família, inclusive as crianças, embarcavam nessa jornada de trabalho cruel para que, no fim, houvesse a chance de conseguir seu ganha-pão.
Diante disso, o autor, que viera de uma família de classe média baixa, se dedicou a retratar essas condições dos trabalhadores e dos habitantes de Londres. Sua crítica focava, principalmente, no fato da sociedade vitoriana permitir tais condições extremas de pobreza da população operária. Além de mostrar a dura realidade das crianças de sua época, do tratamento recebido às poucas que frequentavam as escolas e, assim como ele mesmo, tiveram que trabalhar de forma tão brutal desde tão novos para ajudar no sustento da família.
Portanto, com esse pano de fundo da Londres onde reina a desigualdade social, Charles Dickens criou histórias que perdurariam até os dias atuais e de forma a nos identificarmos frente à todas as mazelas que se mantêm atuais. Com essa dualidade entre os avanços e o crescimento do país versus a miséria do proletariado, Dickens escreveu o que é considerado um dos mais belos começos de história da literatura em Um Conto de Duas Cidades:
“Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós…”
As obras mais famosas de Charles Dickens são Oliver Twist, David Copperfield, Tempos Difíceis, Um Conto de Natal, Grandes Esperanças, Um Conto de Duas Cidades, entre muitos outros. É difícil não ter esbarrado com algum livro do autor ou suas referências, como os personagens Scrooge e seus fantasmas do Um Conto de Natal, que é um dos seus livros mais adaptados (como citei nesse texto: Um Conto de natal com Tom Hardy).
Charles Dickens ia além das críticas sociais por si só. Ele transformava todo esse cenário de forma extraordinária e, às vezes, fantasiosa e com tons de mistério. O que levava o público a aguardar ansiosamente pelas suas histórias, por novos capítulos dos seus personagens favoritos, já que o autor os divulgava por folhetins semanalmente e, futuramente, os recitava em palco como personagem principal de suas próprias histórias: o narrador.
Charles Dickens possuía uma capacidade de nos envolver em suas palavras e nos identificarmos com suas histórias. Suas palavras alcançam uma parte de nós assim como uma flecha buscando seu alvo. Como esse parágrafo belíssimo do livro Grandes esperanças:
“Foi um dia memorável, pois operou grandes mudanças em mim. Mas isso se dá com qualquer vida. Imagine um dia especial na sua vida e pense como teria sido seu percurso sem ele. Faça uma pausa, você que está lendo, e pense na grande corrente de ferro, de ouro, de espinhos ou flores que jamais o teria prendido não fosse o encadeamento do primeiro elo em um dia memorável”.
O nosso querido escritor faleceu em 1870 por morte cerebral. Seu corpo foi sepultado na famosa Abadia de Westminster, na Esquina dos Poetas. Na sepultura há uma frase que o homenageia e resume a crítica social em suas obras:
“Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos; e com a sua morte, um dos maiores escritores de Inglaterra desaparecia para o mundo”.
Apaixonada por arte, música, literatura e filosofia. Adora a Disney, Harry Potter e Sherlock, além de ser viciada em memes. Ri de tudo, é meio perdida nas ideias, viajante do tempo nas horas vagas, só anda com fones nos ouvidos e ama tudo que é fofinho, inclusive o editor-chefe desse site.