Entre erros e acertos, The Flash entrega uma história que emociona em alguns momentos, mas que tropeça nas próprias pernas.
Fim de um ciclo? Reboot para um novo começo? The Flash não se enquadra em nenhuma das categorias, mas tinha potencial para ser. O filme da DC foi mexido diversas vezes até seu lançamento, principalmente o final, que já teve a participação do Batman de Michael Keaton, Supergirl e Superman. No fim, tivemos uma piadoca que me fez rir, confesso.
No filme temos uma versão (bem) resumida de Flashpoint, onde é pego apenas o gancho principal, em que Barry volta no tempo para salvar sua mãe e cria um mundo paralelo. Esqueça os quadrinhos, tudo o que acontece é novo e gira em torno da história da DC no cinema, o que é uma bela sacada, na minha opinião.
Ver o Batman de Michael Keaton em ação novamente é nostálgico e emocionante. Ele rouba todas as cenas em que aparece, realizando feitos impressionantes de inteligência, astúcia e agilidade. É legal ver como as loucuras dele e de Barry se completam. Inclusive, em certo momento um respeita a loucura do outro.
Por outro lado, essa história da DC no cinema poderia ter sido mais bem trabalhada e aproveitada. Quando vemos os vislumbres das terras paralelas temos um festival de CGI de qualidade duvidosa, mas não vou entrar nesse detalhe ainda. O fato é que tivemos 3 versões em live action do Flash na TV e nenhuma delas apareceu no filme, nem mesmo a mais recente com Grant Gustin. Isso é mancada.
Em termos de representar a história da DC em um evento, a Crise nas Infinitas Terras produzida pela CW fez muito mais tendo apenas uma coxinha com suco de orçamento. Poxa, os caras enfiaram 4 versões do Batman, 3 do Superman e no fim enfiaram um Jay Garric por alguns segundos que ninguém sabia quem era. Faltou homenagear o dono da festa.
Agora vai parecer que estou me contradizendo, mas fique calmo que eu vou me explicar. Apesar desse vacilo, a história principal não dependia desse elemento para funcionar, o que é um alívio. Tudo que envolve Barry e a sua mãe é emocionante e funciona perfeitamente bem. Inclusive o discurso sobre sacrifícios. O problema de The Flash não está em sua história e, sim, em sua execução, que é onde temos problemas e o filme tropeça feio.
A cena de abertura com os bebês descendo do hospital é estranha. Você pode usar o adjetivo que quiser, mas eu escolhi essa palavra: estranha. Na recente história dos filmes de quadrinhos, temos cenas icônicas de velocistas e é uma pena dizer que The Flash não teve uma que realmente causasse impacto (positivo, né?). A melhor cena do velocista escarlate em live action segue sendo a que está no Snydercut (pelo menos para mim).
Isso nos faz ir para o segundo ponto: o CGI. “Ah, mas ele correr daquele jeito foi uma escolha conceitual”. Ok, posso respeitar isso. Mas tá ruim, irmão! É impossível que gastaram 200 milhões de doletas pro Flash correr daquele jeito. Pior ainda é olhar essa corrida e dizer que tá tudo bem. Esses caras já viram alguém correr? “Ah, mas o conceito…” TÁ RUIM, MANO!
Ah, o Flash do Snyder também corria esquisito, meu ponto ali é que a cena dele pelo menos foi boa.
Mas, voltando ao CGI, como disse anteriormente, quando Flash tem os vislumbres de outras terras, temos um novo show de horrores, que novamente tentam jogar goela abaixo de que é um conceito. Mais uma vez, me sinto obrigado a dizer QUE TÁ RUIM. Não funciona, sério. A representação do Henry Cavill é ruim que dói.
Acho The Flash ruim? Longe disso. Acho o melhor filme de quadrinhos desde O Cavaleiro das Trevas? Tampouco. Por sinal, quem disse isso não tava legal das ideias. Acho The Flash um bom filme de quadrinhos que tem boas ideias, mas que tropeça nas próprias pernas. É uma pena, tinha potencial pra ser algo grandioso e com um propósito muito maior.
The Flash trailer
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.