Sol de Inverno é um filme sobre o amor em suas mais diversas formas e as consequências que ele traz.
Dirigido pelo jovem Hiroshi Okuyama, nascido em 1996, o filme oferece um retrato íntimo de um momento na vida de seus personagens. Takuya, um jovem sem grande talento para esportes, se apaixona pela patinação no gelo ao observar Sakura treinando ao lado de Arakawa, um ex-atleta profissional.
Com uma estrutura simples, o filme não busca retratar grandes feitos esportivos ou suas glórias, mas foca na jornada de Takuya: sua paixão pela modalidade, o encontro com sua vocação e o despertar do amor ao conhecer Sakura. Como em todo clichê do gênero, o professor, Arakawa, acaba se vendo refletido no aluno e, através dele, redescobre seu amor pela vida.
A narrativa de Sol de Inverno se desenrola com calma, dedicando tempo para aprofundar os personagens, acrescentando camadas e complexidade. Um aspecto interessante é como a família e os amigos de Takuya são retratados: pessoas compreensivas que respeitam suas escolhas. Em nenhum momento há conflito em torno do fato de ele praticar um “esporte de menina”; tudo é tratado com leveza e naturalidade.
O filme surpreende ao deslocar seu foco das crianças para o professor, revelando mais sobre seu passado e sua relação atual. Ao fazer isso, constrói uma narrativa queer sutil, onde pequenos detalhes vão revelando as dificuldades de Arakawa vivendo em uma pequena ilha no Japão.
Embora o final traga uma reviravolta aparentemente inesperada, ao observar as sutilezas da narrativa, é possível perceber como tudo se encaixa dentro daquele contexto cultural e das formas como os personagens foram moldados.
Sol de Inverno é um filme belo na sua simplicidade, especialmente na construção de suas relações. Mais do que uma história sobre esporte, ele explora a cultura e a complexidade de seus personagens de maneira sensível e tocante.
Confira o trailer do belo Sol de Inverno:
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.