Salão de Baile: This is Ballroom | Documentário vai além de mostrar o shade, o voguing e os dramas

Documentário Salão de Baile: This is Ballroom reúne um grupo de jovens às margens da baía de Guanabara para explorar a cultura do ballroom.

O documentário faz um excelente trabalho didático ao recapitular a história do ballroom, desde seu surgimento em Nova York, passando pela criação do movimento e sua ascensão, impulsionada principalmente pelos corpos de pessoas negras, latinas e queer. Trata-se de uma arte que nasceu marginalizada, mas que, ao ser reconhecida por grandes artistas como Madonna nos anos 90, ganhou visibilidade. No entanto, esse reconhecimento não veio sem críticas, especialmente em relação à forma como a cantora explorou essa cultura.

Enquanto os diretores, Juru e Vitã, explicam as categorias do baile, que vão muito além do vogue, o documentário também apresenta depoimentos que ajudam a compreender a vivência dessas pessoas, muitas das quais foram rejeitadas por suas famílias e encontraram acolhimento dentro dessa comunidade. O senso de pertencimento é profundo, e a lealdade entre os membros das “casas” vai muito além das competições; existe, de fato, um forte vínculo de apoio mútuo.

Os bailes são retratados não apenas como uma competição, mas também como um momento de empoderamento para essas pessoas, um espaço de liberdade entre iguais. Como uma das participantes diz: “Ballroom é o UPA, um lugar de você entrar machucado e sair curado“. Assim, é dado um propósito a indivíduos que sempre foram negligenciados, e eles se entregam de corpo e alma à cultura.

A direção não deixa de abordar também os conflitos internos desse universo. Como em toda família, existem diferenças a serem resolvidas e pessoas tão diversas acabam gerando tensões, muitas vezes resolvidas dentro da própria competição. Outro ponto importante é o preconceito que vem, não só de fora, mas também dentro da comunidade, contra a pluralidade de gêneros e sexualidades que cada vez mais ganham visibilidade.

Embora seja inevitável fazer uma comparação com “Paris is Burning” (1990), Salão de Baile vai além de mostrar o shade, o voguing e os dramas. O documentário carrega uma identidade própria ao explorar as nuances da cultura brasileira e a maneira como ela cria seu próprio movimento dentro do ballroom.

Saiba mais sobre o documentário:

Primeiro longa-metragem documental sobre o movimento ballroom no Brasil a ser lançado nos cinemas, o pioneiro Salão de Baile: This is Ballroom é o grande vencedor do 32º Festival Mix Brasil: o filme recebeu o principal prêmio da competição, o Coelho de Ouro, prêmio concedido pelo júri da Mostra Competitiva Brasil, como Melhor Longa-Metragem Nacional.

Com estreia agendada para 5 de dezembro, o filme é um mergulho no universo efervescente da cena ballroom do Rio de Janeiro, uma comunidade protagonizada por pessoas pretas e LGBTQIAPN+, que segue a trilha da cultura criada na década de 70, em Nova York. Dirigido e roteirizado pelas diretoras Juru e Vitã, a produção é assinada pela Couro de Rato, e a distribuição é Retrato Filmes.

Assista ao trailer de Salão de Baile: This is Ballroom