Rocketman | O primeiro forte candidato ao Oscar está entre nós

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Rocketman: Se entender e sentir orgulho de quem é nunca é fácil. Às vezes, a queda no meio do caminho faz parte do processo para aprender, acima de tudo, a se amar.

Ter uma carreira tem um preço que o tempo sempre vai cobrar, não existe uma fórmula mágica para o sucesso, ainda mais quando ele é meteórico. Elton John conquistou esse fato aos 23 anos de idade, uma combinação de sorte ao encontrar as pessoas certas na sua vida e de talento, principalmente talento.

Ele conquistou o mundo, enquanto sua vida pessoal desmoronava aos poucos. A fama cobrou seu preço rápido na vida de Elton John. No meio em que ele vivia, na época na qual ele vivia, outro caminho parece impossível, pois seu cotidiano era regado por sexo, cocaína e álcool. Rocketman conta justamente esse período de sua vida, a história do menino que viveu em um lar nada fácil, com pais problemáticos, que muito cedo aprendeu piano, que se apaixonou pelo rock’n’ roll, saiu de casa em busca de seus sonhos ao lado do seu melhor amigo e parceiro musical Bernie Taupin, conheceu a fama, conquistou o mundo, caiu e se reergueu.

Rocketman é uma combinação de acertos que criam um musical quase perfeito, começando por Taron Egerton que vive Elton John de forma delicada. Ele não só demonstra o lado rockstar do astro, mas suas fraquezas, a delicadeza de cada expressão, os verdadeiros sentimentos escondidos em um olhar durantes os acessos de fúria do personagem.

Taron nos leva por uma viagem através da vida tão conturbada de Elton, seja cantando ou mostrando a fragilidade do homem tão admirado por multidões ao redor do mundo. Jamie Bell é outro que faz um trabalho excelente na pele de Bernie, o homem responsável pelos maiores sucessos da carreira de Elton, aquele que o ajudou a construir seu império musical, mas que, acima de tudo, foi um amigo inseparável.

O restante do elenco de apoio talvez seja um dos poucos problemas do filme. Personagens que são construídos como vilões, sem demonstrarem muita dualidade, desde sua mãe, vivida por Bryce Dallas Howard, ou mesmo John Reid, o empresário e amante sem coração de Elton, o homem que o humilhava constantemente, que não se importava com sua saúde e o viu se afundando e não tentou em nenhum momento ajuda-lo. É difícil compreender se o homem foi realmente tão cruel quanto retratado, principalmente com a atuação caricata de Richard Madden, apesar de não parecer que havia algo além para se mostrar com o que foi entregue nas mãos do ator.

Os números musicais são impecáveis, cada coreografia delicadamente pensada e executada, as músicas ajudam a contar a história, afinal estão diretamente ligadas à vida de Elton e seu compositor Bernie sabia decifrá-lo e transformar sua vida em letras extremamente íntimas. Taron cantar todas as musicas faz parte dos motivos do filme funcionar tão bem, faz toda a diferença em sua interpretação, em demonstrar cada sentimento durante as performances, ele consegue emular Elton ao mesmo tempo que consegue fazer algo próprio, sem nunca parecer ser apenas uma imitação.

Com envolvimento direto do próprio Elton John, o Rocketman parece um grande exorcismo de seus demônios que carregou durante toda a vida, ele não esconde e nem ameniza nada, Rocketman é uma grande carta de aceitação, sobre se orgulhar de quem é, sobre abraçar quem já foi e aceitar seu novo eu, um homem que enfrentou as dificuldades da fama, de ser homossexual em uma época ainda mais difícil, um homem que no fim se encontrou e aprendeu a se amar e, acima de tudo, que tem orgulho de quem se tornou.


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