O Telefone Preto

O Telefone Preto | Scott Derrickson retorna para onde se sente mais confortável

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O Telefone Preto: Boas interpretações, um bom diretor e uma história contida é tudo que foi preciso para construir um ótimo filme de terror em meio ao caos de lançamentos do gênero.

Após deixar a direção de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Scott Derrickson retorna às suas origens do terror com O Telefone Preto. Depois do gigantesco primeiro Doutor Estranho, ele vem muito mais contido aqui, com um filme bem menor e trabalhando em um ambiente em que é notável como ele se sente confortável e consegue construir cada camada necessária para contar essa história.

O Telefone Preto é baseado no conto de Joe Hill, um nome já conhecido do terror, assim como seu pai, Stephen King, inclusive o filme acena com pequenas referências à obra do pai do autor. O filme segue Finney (Mason Thames), um garoto de cerca de 13 anos na década de 70, um jovem tímido, que sofre bullying, perdeu a mãe e tem um pai traumatizado que constrói um lar abusivo para o personagem e sua irmã Gwen (Madeleine McGraw), um dos destaques positivos da obra. 

O bairro onde as crianças vivem vem sendo assombrada pelo Sequestrador (Ethan Hawke), que já levou quatro crianças e a quinta acaba por ser Finney, que se vê preso em um quarto, com poucos recursos e um telefone preto com o fio cortado, o telefone passa a tocar e o personagem começa a se comunicar com vítimas anteriores do serial killer.

Scott Derrickson aqui tem pleno controle da história que quer contar e esse é seu maior trunfo, ela é contida, ele sabe para onde vai e o que vai fazer a cada passo que dá, o filme não tem excessos e serve ao seu propósito perfeitamente, as lacunas que ele pode vir a deixar podem ser facilmente preenchidas com um pouco de imaginação de seu público, tudo que é preciso está na tela.

Outro bom destaque é Ethan Hawke que faz um bom trabalho aqui, mais uma vez graças ao diretor, que parece ter contido a interpretação do ator nos momentos certos, para que não caminhasse na direção de algo que poderia ser exageradamente caricato. O ator soube a forma correta de transmitir suas emoções, mesmo que esteja quase o tempo todo usando uma máscara, peça essa que é outro detalhe interessante do filme. As crianças também estão muito bem e conseguem segurar o filme sem dificuldades.

Os paralelos que o filme constrói entre os terrores místicos e os reais são  deliciosos de se assistir, cada contraponto, cada motivação, tudo é muito bem feito, tudo é no ponto certo e devidamente interligado pelo fio narrativo.

Filmes genéricos de terror saem aos montes todo ano, então é uma alegria quando algo entusiasmante como O Telefone Preto aparece, Scott Derrickson saiu de Doutor Estranho e ainda bem que ele fez isso, o terror sentia sua falta.

Assista ao trailer:


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