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O Exorcismo | Não assusta, mas também não ofende

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O Exorcismo, nova empreitada de Russell Crowe entre os capirotos, tem seus momentos.


Não tá fácil pra ninguém. Nem vencedor do Oscar está livre de ter que pagar boleto. Se Robert De Niro, dono de um sem fim de atuações memoráveis, passou por duas décadas como o vovô das comédias toscas, não se poderia esperar diferente de Russell Crowe

Claro, pois trata-se de um ator o qual teve seu grande brilho não no projeto o qual lhe deu um Oscar (alguém consegue justificar de forma plausível a vitória deste por Gladiador? Mesmo os fãs?), mas em O Informante, há vinte e cinco anos, sem nunca alcançar desempenho similar mesmo em atuações eficientes. 

Este sempre foi um daqueles atores que faziam a equipe de produção chorar (Peter Weir se aposentou após trabalhar com ele), os entrevistadores se envergonharem e paparazzi correrem para as colinas. A justificativa é sempre a mesma: “entrar no personagem”. O lado bom da decadência é que, pelo bem ou pelo mal, você aprende a rir de si mesmo. 

Dirigido e coescrito (ao lado de M. A. Fortin) por Joshua John Miller, O Exorcismo traz Crowe como um ator que, após recuperar-se do alcoolismo, precisa se reconectar com sua filha (Ryan Simpkins). Enquanto tenta se aproximar desta, ele aceita o papel de Padre para um filme, o qual foi dado por rumores como amaldiçoado após o ator anterior ter, aparentemente, se suicidado. Quando o ator começa a ter comportamentos suspeitos de possessão, começa a corrida contra o tempo para trazê-lo de volta à normalidade. 

A história do pai ausente que tenta se reconectar com a filha não é nem um pouco nova, porém como Darren Aronofsky provou em seu A Baleia, ainda é possível contar boas histórias com essa premissa. Não é o que acontece aqui, pois o relacionamento dos personagens salta de acordo com as necessidades da narrativa, jamais parecendo verossímil. 

Russell Crowe em O Exorcismo


O roteiro de O Exorcismo, por sinal, é o grande ponto fraco aqui, usando e abusando de conveniências e não tendo o menor senso de progressão de ameaça. Para cada dilema há uma solução simplória e conveniente, minando completamente o senso de tensão.

O pior é a falta de senso de humor do projeto. Lidando com um formato narrativo o qual tornou-se famoso pelo excelente “Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger” e pela franquia Pânico (o filme de terror dentro do filme), a produção trata tudo com uma seriedade a qual apenas torna os clichês e a fragilidade do roteiro mais notáveis. Caso houvesse um senso de autoparódia entre os sustos tudo seria muito mais palatável.

Digo isso com certeza, pois, mesmo com todos os problemas, o filme não é ruim. Filmado em 2.35:1, O Exorcismo tem alguns bons momentos com planos longos e consegue preencher adequadamente a larga tela do formato, o que o deixa à frente de “A Hora do Massacre”, por exemplo. 

A cena inicial, na qual um ator percorre o cenário de terror e é revelado posteriormente numa tomada a qual enquadra o design de produção por completo é um bom exemplo de como ao menos há o mínimo de esforço de direção aqui.  

Esforço este ecoado não só pelas ótimas, ainda que escassas, cenas de gore, mas também pela boa fotografia, a qual evita mergulhar tudo na escuridão absoluta e conta com cores interessantes. Surpreendentemente, as atuações são boas também: Ainda que todos os personagens sejam planos, ao menos os atores, incluindo o “proto-Jared Leto” Crowe, dão conta do recado. 

Embora nada assustador, O Exorcismo não ofende e oferece 95 minutos no mínimo inócuos e no máximo razoáveis. Mesmo com todas as suas falhas ganha pontos na humildade: jamais finge ser mais sofisticado ou inteligente do que é. 

Sinopse:


Anthony Miller (Russell Crowe) é um ator com um passado sombrio, marcado pelo abuso de drogas. Durante as filmagens do seu novo filme de terror, ele começa a exibir um comportamento perturbador, levantando suspeitas sobre seu estado mental. Ao investigar o que pode estar acontecendo, sua filha se vê no limite entre a realidade e o sobrenatural e percebe que os problemas que assombram seu pai podem ser mais aterrorizantes do que parecem.

O Exorcismo será lançado no Brasil pela Imagem Filmes e chega aos cinemas em 01/08.

Confira o trailer:


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