o bastardo

O Bastardo | Uma obra-prima de Nikolaj Arcel

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Em O Bastardo, filme estrelado brilhantemente por Mads Mikkelsen, temos uma clássica história de ego e vingança.


Filmes que contemplam a natureza possuem um lugar especial no meu coração. Desde que, claro, tenha uma boa história pra contar. Dito isso, O Bastado comprou um lote inteiro. Ô filme bom! 

Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen) é um veterano de guerra que, após 25 anos de serviço, pede à Coroa da Dinamarca permissão para cultivar uma fazenda no Urzal, um local improdutivo e visto como deserto sem valor. Ainda assim, ele enfrenta resistência por parte do governo para ter permissão de plantar no local. Seu sonho é conseguir tal feito, trazer colonizadores e ter a gratidão do Rei com um título de nobreza.

Em busca de trabalhadores, ele conta com a ajuda do Padre Anton Eklund (Gustav Lindh), que sugere os serviços de Johannes Eriksen (Morten Hee Andersen) e Ann Barbara (Amanda Collin), um casal de trabalhadores que fugiu de alguma fazenda das redondezas. Essa empreitada chama a atenção de Frederik De Schinkel (Simon Bennebjerg). Um nobre local que se apropriou, de forma ilegal, do Urzal e quer explusar Ludvig de lá a todo custo.

Pra começar, essa é a história de um homem que é capaz de qualquer coisa para realizar seu sonho. Ludvig é filho bastardo de um nobre, daí sua fixação em conseguir plantar em terras tão difíceis para conseguir seu título. Você pode pensar que, por ser um homem solitário, escolhas difíceis acabam se tornando fáceis. Na teoria, sim. Na prática, são outros quinhentos.

O tempo e a dificuldade são capazes de criar dois sentimentos extremos: o ódio por seu rival e o amor por aqueles que estão próximos. Por exemplo, Frederik De Schinke é um vilão de época que parece ter saído de alguma novela das 18 horas, mas com aquele toque de ruindade e de criança mimada, digno do Rei Joffrey, de Game of Thrones. 


Já o amor, consegue unir as pessoas mais incomuns em uma situação que poucos achavam provável. A grande questão que está em xeque é: um homem seria capaz de jogar fora sua grande e inesperada felicidade em troca da manutenção de seu sonho de vida? O sonho é realmente relevante perto de uma felicidade inesperada?

Vamos lá, quantas vezes você buscou tanto alguma coisa (material) e no fim o que te deixou feliz foi algo rotineiro? Como dividir um lanche com uma pessoa especial. E se esse sonho custar o bem estar das pessoas à sua volta? Você tomaria a decisão certa? São muitos questionamentos, eu sei, mas foi por isso que Ludvig passou, enquanto tomava decisões em sua vida e provava o sabor das consequências. 

Acho curioso que a tradução brasileira seguiu o título original do filme: “O Bastardo”, mas na versão americana ficou algo como “A Terra Prometida”. Curioso porque enquanto o original, em dinamarquês, foca na descendência de Ludvig, a versão americana quis dar foco nas terras, que também é uma parte importante da obra.

Na direção, Nikolaj Arcel comandou uma linda história de vingança que em momento algum sentimos o tempo passar. É como falei lá no começo do texto, as belezas naturais deixam qualquer um boquiaberto. Sobre o elenco, apenas elogios, principalmente a Mads Mikkelsen, que como sempre deu uma aula de atuação.

O Bastardo nos faz refletir sobre escolhas, sobre o que é realmente importante em nossas vidas. A busca pelo que sonhamos nos coloca em caminhos complicados, às vezes desérticos, como o Urzal de Ludvig, mas nesse deserto pode ser possível encontrar coisas não planejadas, como a felicidade inesperada. Quando ela vier, abrace-a. Essa é a felicidade real, aquela que nos torna humanos.

Confira o trailer de O Bastardo:


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