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Mickey 17 | Crítica social, humor e boas atuações

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Com Mickey 17, Bong Joon-ho aposta no humor em nova sátira social.


Quem viu os últimos filmes de Bong Joon-ho podia imaginar o que seria “Mickey 17” pelo trailer e pela premissa: uma crítica social. Diferentemente dos últimos dois projetos, o mais recente tem o humor como elemento central. “Expresso do Amanhã” e “Parasita” até tem seus momentos mais “engraçados”, o segundo ainda mais que o primeiro, mas em “Mickey 17” o humor não é ocasional. 

Aliado ao humor, um elenco bem carismático, em especial Robert Pattinson, Bong Joon-ho cria uma sátira social galáctica com um argumento que deixa com gosto de “já vimos isso antes”. Ao longo dos 137 minutos, acompanhamos a história de Mickey, um trabalhador descartável, literalmente. Seu trabalho é morrer repetidas vezes em cenários absurdos para depois ser impresso novamente, até que decide participar da colonização do gelado planeta Niflheim.



O espaço é muito importante nos outros dois filmes citados do cineasta sul-coreano. “Expresso do Amanhã” é uma história de um trem que é o último resquício de humanidade na Terra. Dentro desse trem há um sistema de castas, em que os mais pobres moram nos últimos vagões e os mais ricos na parte da frente. Enquanto o filme acompanha a revolta desse grupo de moradores dos últimos vagões em direção a frente da locomotiva, a representação visual é essencial para contar essa história, há uma mudança gradual conforme a revolta conquista um vagão da frente. Já em “Parasita”, conta a história de uma família pobre que ao entrar em contato com outra família mais abastada, vê a oportunidade de melhorar de vida. Enquanto, no decorrer do longa, acompanhamos a ascensão dessa família, a representação visual acompanha essa evolução.

Já em “Mickey 17” há uma representação do “espaço” (desculpa o trocadilho) muito fraca. Apesar dos personagens viajarem para fora da Terra e conhecerem planetas novos, esses espaços são visualmente pouco interessantes, ora muito cinza, ora muito “mais do mesmo”. Consigo pensar em dois filmes mais recentes como “Alien: Romulus” e “Resistência” que, apesar de terem os seus problemas, fazem esse trabalho melhor. E a falta de desenvolvimento na representação visual, dá uma sensação de estagnação para o filme.



O humor, por sua vez, funciona bem. Ajuda que o elenco seja muito talentoso, Robert Pattinson, Naomi Ackie e Steven Yeun estão muito bem. Os três conseguem equilibrar bem a interpretação entre o humor e o drama. O melhor momento do filme acontece quando as duas versões do Mickey se encontram com a Nasha (Naomi Ackie), par romântico do personagem. O caminho que essa cena leva é realmente surpreendente e funciona graças ao papel dos “três”. Aproveitando o gancho, Robert Pattinson é o grande protagonista do filme, não só por atuar duas vezes, mas por conseguir dar uma personalidade e até voz diferente para cada um deles. Fico muito feliz em vê-lo em bons papéis e aproveito para recomendar esse vídeo aqui mostrando o trabalho dele com sotaques.



Sem entrar em muitos detalhes para não entregar o clímax do filme, quando se aproxima do conflito, o filme fica muito parecido com “Não Olhe para Cima”. Existe uma personalização dos antagonistas que lembra muito o filme da Netflix, são pessoas bobas e que estão obcecadas com o poder e o protagonismo que vão fazer de tudo para se manter nessa posição, mesmo que isso signifique destruir a sociedade. Nessa parte, o filme perde bastante força.

É interessante ver Bong Joon-ho indo para caminhos diferentes dos últimos filmes, arriscando com a comédia e a ficção científica. Pena que, em Mickey 17, não tenha conseguido reproduzir a criatividade visual dos outros longas e tenha um argumento que fique muito próximo com outro filme que acabou de sair. Contudo, o elenco e o humor são bons e conseguem fazer um filme realmente interessante.

Assista ao trailer de Mickey 17:


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