O documentário Janis – Amores de Carnaval, Memórias de Ricky Ferreira e Convidados conta sobre a visita de Janis Joplin pelo carnaval carioca de 1970.
Antes de começar esse texto, preciso ser honesto. Eu não conhecia Janis Joplin antes do documentário. Não sou um dos maiores fãs de rock, e o intervalo geracional não ajuda, nasci em 2001 enquanto a cantora morreu em 1970. Espero que não tenha torcido o nariz quando leu essa frase nem desista de ler depois disso, mas precisava ser dito. Fui livre de qualquer conhecimento prévio para assistir ao “Janis, Amores de Carnaval”, documentário brasileiro que fez sua estreia no Festival do Rio.
O recorte do filme é a passagem de Janis Joplin no carnaval de 1970 do Rio de Janeiro, momento em que sua carreira estava em ascensão depois de lançar os álbuns “Cheap Thrills” e “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!”. A cantora estava tentando se livrar do vício em heroína e decidiu vir ao Brasil para se distanciar do contexto em que vivia, festas e eventos que a mantinham no vício. A questão do vício é tratada com muita sensibilidade no filme. Na figura do ex-jogador e comentarista Walter Casagrande, há uma distinção do usuário para o aditivo, ressaltando que é uma questão de saúde e não de “força de vontade”, sem moralismo. Meses depois de retornar aos Estados Unidos, a cantora morreu de overdose aos 27 anos.
Essa forma de tratar sobre o vício se mantém para outros momentos da trajetória. O período da cantora no Rio de Janeiro foi curto, mas muito intenso. As histórias são contadas de uma forma muita afetuosa, fica claro que Janis Joplin marcou a vida daquelas pessoas. As falas são intercaladas com algumas imagens da época, vale ressaltar que não há muitas fotos ou vídeos do período, sendo as narrações o pilar da história. Entre os participantes, além do já citado Casagrande, também tem Ricky Ferreira, Baby Do Brasil, Alcione e José Paulo Kupfer. Ao dar espaço e profundidade para os relatos, fica claro o impacto de Janis Joplin não só na música como também na vida deles.
A edição é muito habilidosa em manter o foco no que importa. É com naturalidade que as histórias vão passando de casos engraçados, fotos do período e momentos tensos ao longo de 90 minutos de filme. Nos relatos de momentos mais engraçados, por exemplo, há uma trilha sonora mais animada e os cortes mais rápidos dando mais agilidade, enquanto nas partes mais tristes ou tensas, existem imagens mais contemplativas para dar tempo do espectador digerir a situação e a trilha acompanha esse momento. São aspectos pequenos, mas que servem bem para dar foco nos relatos de quem conviveu.
Como antecipei no primeiro parágrafo, não conhecia Janis Joplin antes, até por isso não sou capaz de argumentar se o documentário é um retrato fiel ou não da figura ou do período. Contudo, posso dizer que foi uma ótima introdução à figura dela, é possível perceber o impacto não só entre as pessoas apresentadas no documentário como também na cultura. Sai da sala de cinema com vontade de conhecer mais sobre a cantora. Janis – Amores de Carnaval é uma homenagem muito bonita para essa figura tão marcante na história da música.
Sinopse do filme Janis – Amores de Carnaval:
No verão de 1970, Janis Joplin, ícone da contracultura, veio ao Brasil para se afastar da heroína. O “detox” virou uma passagem meteórica e quase anônima, vivendo intensamente seu último Carnaval: foi expulsa do Copacabana Palace, bebeu muito, fez topless e conheceu o amor de sua vida. O documentário “Janis – Amores de Carnaval, memórias de Ricky Ferreira e convidados” explora o acervo do fotógrafo Ricky Ferreira, mostrando a intimidade da cantora. Seu visual hippie contrastava com o autoritarismo da época. A história aborda feminismo, liberdade, bullying e amores livres.
Confira o trailer:
Estudante de letras, com interesse em filme de hominho e literatura de fantasia. Curte assistir e praticar esportes, adora ir ao cinema e é torcedor do Palmeiras.