O novo filme de Hellboy mirou no terror de baixo orçamento e acertou em uma produção pobre em todos os sentidos.
Bom, pra começar acho importante dizer que os primeiros filmes de Hellboy, dirigidos por Guillermo Del Toro, são lindos visualmente, mas não fizeram dinheiro. O reboot, dirigido por Neil Marshall, mal conseguiu se pagar. Logo, o novo reboot, agora sob o comando de Brian Taylor, teria como orçamento uma coxinha com caldo de cana.
Acho que se tem um acerto em Hellboy e o Homem Torto é de pular a parte das explicações de origem sobre o personagem. A maioria das pessoas que vão assistir já conhece o Hellboy e suas origens, não precisa perder mais uns 10 minutos contando tudo de novo, embora um contexto ou uma cena de apresentação melhor não faria mal a ninguém.
Logo de cara somos jogados no olho do furacão, o que gera uma estranheza que, infelizmente, segue por todo o filme. O principal problema, que fica escancarado conforme a história avança, é a falta de carisma nesse novo Hellboy. Já bati nessa tecla outras vezes, mas parece que os diretores ignoram o fato do público precisar se conectar, principalmente com o protagonista.
Veja como exemplo o Coronel Landa em Bastardos Inglórios, você sente raiva do sujeito e isso é ótimo. Existe uma conexão, mesmo que você torça pra ele se ferrar. No caso de um personagem sem carisma, você não se preocupa, não sente raiva, é apenas oco. E essa regra não se aplica apenas ao HellBoy, mas em todos os personagens, até mesmo no tal Homem-Torto.
A ambientação na floresta lembra muito o começo de Resident-Evil 4 (quem jogou, sabe do que estou falando) e isso pode ser considerado um acerto. Filmes mais intimistas funcionam em adaptações de quadrinhos, como vimos em Dredd, mas o restante também precisa colaborar para que funcione, né?
As atuações são caricatas, os diálogos fraquíssimos e a necessidade de parecer sempre assustador com uma bruxaria mais “realista” torna tudo muito cansativo. Bryan Taylor fez a mesma coisa em seu Motoqueiro-Fantasma: O Espírito da Vingança, ao querer dar um tom mais realista (e até mesmo pobre) pro personagem.
Por sinal, a pobreza aqui fala alto demais. Faltou orçamento até mesmo para a maquiagem do Hellboy, que parece estar usando uma touca de natação o tempo inteiro. Além dos efeitos práticos ruins e o estilo de filmagem utilizado por Taylor, que tenta ser assustador a todo frame.
Hellboy e o Homem-Torto infelizmente faz o personagem cair pra terceira divisão dos filmes de quadrinhos. O fato é: com o tempo e o dinheiro que perderam com duas adaptações fracas, daria pro Del Toro finalizar sua trilogia com a dignidade e a qualidade que o personagem merece.
Sinopse de Hellboy e o Homem-Torto:
Hellboy se une a um agente novato da B.P.D.P. na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto. À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy confronta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.
Assista ao trailer do filme:
Publicitário e jornalista que é apaixonado por cultura pop, coleciona tudo que vê pela frente, adora uma piada ruim e ama a revisora desse site.