Ridley Scott parece amar tanto Gladiador que decidiu não apenas continuar a história, mas refazê-la.
Gladiador marcou seu nome na história do cinema, o épico dos anos 2000 se tornou querido desde seu lançamento e, como era de se esperar, o desejo por uma sequência sempre existiu, ideias foram criadas, mas nada nunca foi adiante. Agora, anos depois, Ridley Scott retoma a narrativa para criar um novo capítulo para seus personagens, dessa vez liderado por Paul Mescal, que segue em ascensão, se tornando um nome cada vez maior na indústria.
O problema é que o diretor parece estar mais interessado em recriar o primeiro filme do que em dar sequência a ele. A narrativa segue padrões tão familiares que tudo parece previsível — desde as cenas de batalha até as revelações que conectam esta sequência ao original. A única novidade fica por conta do personagem interpretado por Denzel Washington, mas o frescor que ele poderia trazer é logo deixado de lado. Suas motivações nunca são bem explicadas e suas ideias, mal desenvolvidas, são rapidamente abandonadas para que o foco recaia na ação — mesmo com o esforço de Washington, que esbanja carisma, ele sozinho não é capaz de salvar todo o filme de seus problemas.
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Paul Mescal é sempre um prazer de se ver em tela. Sua dedicação ao papel é evidente, mas lhe falta a imponência que Russel Crowe trouxe ao personagem Maximus. Crowe conseguia convencer com seus discursos inspiradores, fazendo com que seus soldados o seguissem até o fim do mundo. Já o personagem de Mescal parece conquistar seus apoiadores mais por ser um bom homem do que por ser um grande guerreiro. Pedro Pascal, outro grande nome do elenco, acaba subaproveitado — falta desenvolvimento e momentos marcantes para o seu personagem.
No processo de refazer o original, Ridley Scott aproveita para explorar cenas grandiosas que não eram possíveis no primeiro filme: lutas com macacos, rinocerontes e até batalhas navais. A escala das cenas cresce rapidamente, mas, apesar da grandiosidade, falta o impacto da “simplicidade” do primeiro Gladiador. Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, nada realmente consegue deixar uma marca.
No fim das contas, Gladiador 2 diverte e cumpre seu papel como entretenimento. No entanto, em nenhum momento se aproxima da profundidade ou do impacto de seu predecessor. Filmes de ação são lançados a todo momento, mas o que se espera de um filme de Ridley Scott é algo a mais.
Gladiador 2 – Trailer
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Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.