Liga da Justiça

Enfim, a Liga da Justiça de Zack Snyder

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Versão original de Liga da Justiça finalmente viu a luz do dia e nós, finalmente, fomos abençoados por Zack Snyder. [ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS]

Antes de mais nada, gostaria de dizer que estou feliz. O que parecia ser algo completamente improvável aconteceu e Zack Snyder conseguiu nos mostrar sua versão de Liga da Justiça. E que filme, meus amigos! Eu diria que é até mais que um filme, é um acontecimento. E não falo isso da boca para fora.

A jornada até aqui envolveu petições, hashtags e uma linda ação para levantar fundos para campanhas de prevenção ao suicídio. O #ReleaseTheSnyderCut arrecadou quase 500 milhões de dólares para a The American Fundation For Suicide Prevention. Para quem não sabe, a filha de Zack, Autumn, cometeu suicídio em março de 2017, o que fez com que Zack deixasse a produção para cuidar de sua família.

Pois, então, 4 anos depois estamos aqui. Somente a era do streaming poderia nos dar essa oportunidade. E tirando o elefante branco da sala, as 4 horas e o 4:3 não me incomodaram em nada. Além do mais, Snyder não tinha compromisso com bilheteria e horários em sala de cinema, tão pouco com agradar os outros se não os fãs que pediram insistentemente a sua versão. Ele tinha a carte blanche para fazer o corte da maneira que ele quisesse. Se filmou, põe pra jogo e pronto. O filme está todo dividido em capítulos, portanto não precisa ter pressa para assisti-lo.

Agora que convidei o elefante branco a se retirar, vamos conversar um pouco sobre os personagens, que parecem ser novos, e sobre o filme. Só me permitam fazer um desabafo aqui: como que a Warner achou que aquela abominação lançada em 2017 era melhor? Sinceramente, não sei.

A história base é a mesma, a diferença está na maneira de contá-la e no desenvolvimento dos personagens. Como, por exemplo, a explicação de como as caixas maternas foram despertadas, seu funcionamento e a grata surpresa que é o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). O vilão passou de genérico a um dos melhores do DCEU. O que um desenvolvimento não faz, né? O renegado Lobo da Estepe agora tem uma motivação convincente e, mesmo com um visual mais animalesco, consegue criar um elo com o público.



E nesse quisto foi finalmente feita a justiça ao Ciborgue (Ray Fisher), que passou de um mero coadjuvante a protagonista. Sua história, sua relação com seus pais e sua responsabilidade deixam o filme muito mais emocional. Ele é, como Zack Snyder sempre disse, o coração da história. Flash (Ezra Miller) também tem seu protagonismo retomado e, apesar de alguns exageros de Barry Allen, a demonstração de poder de seu personagem faz com que a gente se anime muito para ver mais disso em seu filme solo. Ele tem uma das melhores cenas de Liga da Justiça e é extremamente satisfatório vê-lo em ação.

Batman (Ben Affleck) e Mulher-Maravilha (Gal Gadot) também retornam muito mais focados e unidos no trabalho em equipe, assim como o Aquaman, que apesar de ser mais casca grossa, mostra seu bom coração para ajudar, tal qual demostrou em seu filme solo. A Liga trabalha em equipe por instinto e a batalha final é realmente de encher os olhos. Na verdade, todas as batalhas são de encher os olhos! Snyder consegue manter um equilíbrio muito bom na ação, principalmente quando temos o retorno do Superman (Henry Cavill).

E por falar nele, vamos conversar um pouco sobre o homem de aço. Aqui, eu confesso, fico um pouco dividido. O retorno do Superman é muito bem construído e emocionante, mas se tem algo que a versão de 2017 acertou (ao menos nisso) foi com o Superman. Senti falta de um discurso dele no fim ou de algumas palavras de otimismo. Não que na outra versão ele fosse um tagarela, mas havia algumas falas interessantes, como no próprio começo com as crianças. O problema é aquela boca torta que tira a seriedade de qualquer cena. Mas, apesar disso, o retorno dele empolga (e empolga bastante!).

No fim, temos um filme completamente diferente, uma produção que se torna digna pelo tamanho que tem a Liga da justiça. E que, olhem só, faz justiça a Zack Snyder. E aqui gostaria de falar algo a respeito dele. Snyder sofreu ataques de ódio contínuo e não falo sobre a questão de gostar ou não de sua visão, gosto é algo muito pessoal e os ataques foram direcionados a ele sem filtro. Enquanto isso, as denúncias de Rey Fisher sobre o comportamento abusivo de Joss Whedon passaram despercebidos pela “patrulha do hate”. Minha pergunta é: por quê? Só por que ele não fez o filme de herói do jeito que você quis?

O hate é muito seletivo, as pessoas preferem defender um personagem fictício do que discutir as denúncias de abuso. Preferem o ódio a uma foto do Coringa, do que conversar sobre a campanha de prevenção ao suicídio. Preferem dizer que o Snyder é pretencioso por colocar a música Hallelujah e ignorar o fato de que ele disse que era música favorita de Autumn.

Liga da Justiça mostrou várias lições, dentro e fora da produção, mas a maior de todas, a principal, foi: você não está sozinho.  


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