Duna

Duna | A beleza contemplativa de Denis Villeneuve

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Visualmente, Duna é um dos filmes mais lindos que eu já vi e carrega a essência de Villeneuve, mas talvez peque em se contemplar demais.

Antes de mais nada, não li os livros de Duna e nem assisti a primeira versão cinematográfica de David Linch. Assisti ao filme completamente cru e acredito que o grande público também irá dessa maneira. 

Partindo desse ponto de vista, a apresentação desse universo é realmente necessária e Denis Villeneuve faz isso muito bem. O universo de Duna é muito diferente dos sci-fis que estamos acostumados. Sai o néon e os computadores, entram máquinas analógicas e tecnologias simples. Salvo uma coisa ou outra, como os escudos, por exemplo. 

Mas, apesar da introdução do planeta Duna e da família Atreides serem ótimas, senti falta de uma exploração mais ampla do universo como um todo. Isso seria um problema sério caso não tivéssemos uma sequência, mas, como a parte dois já foi oficializada, faço uma vista grossa para esse detalhe.  

Digo isso porque, apesar de Duna ser um filme muito bom, você acaba tendo a sensação de que ele não andou com a história principal e que justamente no ponto de virada ele acaba. E fica aquele gostinho de quero mais, mas de um jeito não muito bom. Oras, cadê o restante da história? Ele não consegue resolver.



Ficamos com uma leve sensação de que se Denis Villeneuve não “perdesse” tanto tempo contemplando as dunas, talvez sobrasse mais tempo para contar a história. Mas o X da questão aqui é: o filme perderia muito sem esses momentos. São eles que te trazem para dentro do universo de Duna e fazem com que você queira mais dele. É simplesmente lindo. Então é possível dizer que a maior dádiva do filme também seja sua maldição. 

Mas…é como disse, com uma parte dois oficializada, esse problema não se torna de fato um problema. É um filme dividido em duas partes e que vão se conectar para que se torne uma experiência de, no mínimo, umas 4 horas. Aí sim poderemos ter uma opinião certeira sobre a adaptação. 

Agora falando visualmente, como já adiantei, Duna é um dos filmes mais lindos que já vi. Além  dos planetas, vemos muito de A Chegada nos designs das naves e até mesmo de Blade Runner 2049. Como comentamos no podcast sobre Duna, (que você pode ouvir AQUI) é como se Villeneuve estivesse se preparando para esse filme, ao dirigir dois excelentes sci-fis com perfis tão distintos, mas que em nenhum momento deixou de ter sua marca.  

Duna nos apresentou a ponta de um iceberg de um universo extremamente rico e deixou claro que ainda tem muito para explorar. É capaz que a segunda parte foque um pouco mais na ação, como vimos em alguns flashbacks. E agora, com as peças já a postos no grande tabuleiro de areia, a segunda parte tem tudo para concretizar Duna como um dos melhores filmes do gênero.


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