Corisco e Dadá é um drama épico que revigora a tradição folclórica mesmo operando na simplicidade.
De volta aos cinemas remasterizado e com exibições em poucas salas por período limitado, Corisco e Dadá é uma boa alternativa de entretenimento. Dirigido por Rosemberg Cariry, é um legítimo épico à brasileira. Mais preocupado com a representação de ícones quase mitológicos da história brasileira, no caso os Cangaceiros, o filme distancia-se completamente dos estudos de personagem tão comuns ao cinema brasileiro, abraçando justamente a atmosfera folclórica das narrativas sobre o grupo.
Tudo inicia-se com Dadá (Dira Paes) sendo entregue ao bando de Corisco (Chico Díaz) para ser esposa deste. Após integrar-se completamente ao bando, o qual conta com figuras tais como Lampião e Maria Bonita, a moça participa de suas ações brutais enquanto o poder local busca incessantemente pelos cangaceiros.
Cariry enquanto roteirista, mesmo reconhecendo a brutalidade das ações dos cangaceiros tanto internamente (há uma cena pesadíssima durante os minutos iniciais envolvendo os personagens-título) quanto com seus opositores, além de pintar o relacionamento dos protagonistas com dubiedade apropriada, abraça o ar mitológico da narrativa desde os primeiros segundos. Contando com uma narração a qual soa expositiva porém não intrusiva, retornando pontualmente para lembrar-nos sobre o teor folclórico da história.
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Ainda que os diálogos volta e meia soem excessivamente teatrais, explicando situações que são geralmente ilustradas eficientemente pelas imagens, estes não chegam a atrapalhar. Imagens as quais justificam perfeitamente o relançamento nos cinemas: operando com tomadas longas, ambientes grandiosos e valorizando o aspecto 1.66:1 (decrescido para 1.37:1 nas exibições caseiras e agora podendo ser visto em sua glória original).
Ao valorizar seu elenco (Paes é o destaque, como esperado) juntamente com design de produção e fotografia em suas composições verticais, Cariry definitivamente dá uma dimensão épica para o longa. As várias cenas de conflito e batalha ajudam também a manter o ritmo agradável durante os 101 minutos de duração.
Diferindo-se do teor crítico de um Glauber Rocha, Corisco e Dadá é uma produção voltada ao entretenimento primordialmente. Na busca por dar corpo à tradição oral e musical nordestina, o filme de Rosemberg Cariry faz um épico à brasileira dos mais respeitáveis.
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Mesmo trabalhando na área de educação, estuda e escreve sobre cinema desde os treze anos. Mesmo vendo muita coisa fora de Hollywood, não é hater de blockbusters (nunca deixa de ver um Velozes e Furiosos quando lança). Ama também ler e jogar videogame. Apenas evita comédias românticas e livros de auto ajuda.