Bandersnatch: Episódio, filme, jogo ou tudo ao mesmo tempo?
Imagino que se você chegou até aqui eu não precise explicar do que se trata Black Mirror e no quanto essa série mexe com o psicológico através de críticas sociais (sejam elas sutis ou não) envolvendo tecnologias futuristas que combinam o extraordinário com o plausível. E, seguindo esse ritmo, nesta sexta-feira (28), a Netflix fez algo que realmente pareceu saído de Black Mirror (afinal, quem nunca usou expressão?).
“Bandersnatch” é um episódio interativo que lhe permite direcionar o rumo da trama através de pequenas escolhas que podem ser o cereal a ser comido no café da manhã, a música a ser escutada ou o disco a ser comprado e que levam à consequências resultantes em até 5 finais diferentes. Vale lembrar que a intenção aqui não é dar spoilers, mas sim incitar sua curiosidade sobre Bandersnatch.
O episódio, diferente dos demais da série, não se passa em um futuro de ano indefinido de alta tecnologia, mas sim em 1984, bem no início da era dos jogos digitais e informática. Acompanhamos a história do jovem Stefan, sonhador e problemático designer de jogos, que está desenvolvendo um jogo baseado em um livro, deixado por sua mãe, que possui múltiplos finais.
Após conseguir fechar contrato com uma empresa, Stefan se vê com problemas para finalizar a programação de forma aceitável e dentro do prazo para entrega, pois, assim como o livro, o jogo conta com várias rotas e finais alternativos.
Ao desenrolar do episódio haverão escolhas que podem levar a uma finalização precoce do episódio ou a uma possibilidade de reescolha. Em alguns casos, essa reescolha funciona como um “Checkpoint”, onde retomar daquele ponto e fazer outra escolha não afeta sua experiência e, em outros casos, funciona como um “Reset” em que o personagem, em algum nível, tem ciência de que houve quebra da linearidade do tempo chegando até mesmo a ir contra suas escolhas.
Como não podia deixar de ser, Bandersnatch possui um significado mais profundo do que apenas o entretenimento, o episódio também nos faz pensar sobre nossas escolhas diárias, sobre como aquilo pode influenciar na vida dos que estão ao redor e como lidar com adversidades, ao mesmo tempo levanta questionamentos sobre livre arbítrio e destino. Mas, acima de tudo, Black Mirror: Bandersnatch sendo absorvido como filme, série ou jogo, com certeza já é o marco inicial de uma nova era na indústria do entretenimento.
Nascido em 1990, fruto da melhor geração de espartanos de São Gonçalo. Estudante de letras, amante de leituras e pretenso escritor que nunca termina uma história, em resumo, o clichê completo. Às vezes eu tenho umas opiniões meio deploráveis e atitudes mais ainda, mas sou uma ótima pessoa, eu juro. :*