Bird Box é um filme que pode valer a pena por seu elenco e alguns bons momentos, mas que, no geral, é melhor lidar como com as criaturas do filme e nem olhar.
Há alguns anos houve um grande hype sobre o livro Bird Box, na época me lembro de ter lido e, apesar de todos os elogios que vinha acompanhando, ter achado fraco. Uma premissa interessante em que em um mundo invadido por criaturas que com o simples fato de serem vistas levam as pessoas à loucura e à uma consequente morte. Acompanhamos Malorie, uma mulher tentando sobreviver ao caos ao longo dos anos, tento que lidar com o conflito com outras pessoas, com o fato de não poder sair para o mundo sem estar vendada e tendo que proteger não só sua vida como a de seus filhos.
O novo filme da Netflix adapta essa história e não consegue fazer muito pra deixa-la melhor, temos um ótimo elenco liderado por Sandra Bulock, passando por nomes como Sarah Paulson e John Malkovich. Eles se esforçam, todos estão relativamente bem, mas o problema como dito anteriormente é a história de Bird Box.
Acompanhamos a personagem de Sandra ao longo dos anos, enquanto a vemos em sua jornada por um rio, com duas crianças, sem conseguir ver, para chegar ao tão desejado “santuário” onde pessoas aparentemente estão protegidas e vivendo em uma comunidade harmoniosa e seu passado é mostrado através de flashbacks que revelam como foi o início da invasão das criaturas até o atual momento.
Nesse meio caminho temos o encontro de Malorie com outras pessoas em uma casa, um grupo de sobreviventes com diferentes personalidades, vivendo o apocalipse e tendo que lidar com tudo isso. Acho que aqui reside o principal problema de Bird Box, tanto do livro quanto do filme, eu não consegui me importar com esses personagens, eles tem pouco tempo e consequentemente são mal trabalhados.
Em alguns momentos eu só queria que eles morressem logo e isso é péssimo para uma história que tem que se sustentar com as relações entre eles. Os romances que são estabelecidos parecem acontecer apenas porque eles estão ali, são os últimos sobreviventes, o que faria sentido se fosse realmente demonstrado, os casais simplesmente surgem e temos o dever de acreditar e nos importar com eles.
Apesar de tudo, o Bird Box gera momentos divertidos e de tensão, principalmente quando envolve as crianças e os perigos que passam em sua jornada, as atores mirins entregam um trabalho consistente, mesmo o menino parecendo estar perdido no meio de sua mãe e irmã que carregam um arco muito maior. Sandra consegue passar o desespero de uma mãe protetora e os conflitos por não querer ter tido filhos desde o início, principalmente na difícil relação com a filha.
Bird Box apesar de acertar em certos pontos, cai nos principais erros do livro que adapta, temos um grande elenco desperdiçado por uma história que poderia ser melhorada nessa transição de mídia. Se você quiser sentir um pouco de suspense em um domingo tedioso, vá em frente. Mas, não se iluda pela premissa e talvez seja melhor procurar por alguma outra coisa no seu catálogo.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.