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Aos Pedaços | Um mergulho profundo em mentes complexas

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Filme de Ruy Guerra, Aos Pedaços é um estudo da psique perturbada de seus personagens.


Eurico (Emílio de Mello) é casado com duas mulheres, Ana (Simone Spoladore) e Anna (Christiana Ubach), e está desconfiado de que uma das duas quer matá-lo. Mas qual? Por quê? Elas não são felizes ao seu lado? 

A semelhança entre as mulheres não acaba nos nomes, elas são idênticas em sua fisionomia e, por incrível que pareça, ambas possuem motivos para querer matar o marido que, a cada cena que passa, está cada vez mais perturbado. 



Aos Pedaços é como uma grande peça de teatro feita para Emílio de Mello brilhar. Ele está assustadoramente incrível em seus monólogos, momentos esses onde ele põe pra fora todos os seus demônios (e não são poucos).

Ouvir Eurico em sua busca paranoica para descobrir quem quer matá-lo, junto ao seu irmão, um padre pouco convencional, diga-se de passagem, mostra como personagens complexos podem ser interessantes. Eles são imprevisíveis, você nunca sabe qual atitude ele pode tomar ou adivinhar o que ele tem a dizer. 



Isso é assustador ou não é? Pessoas imprevisíveis não despertam muita confiança. E quer saber de algo ainda mais assustador? Todos nós temos a capacidade de sermos imprevisíveis, por mais previsíveis que possamos ser. Assim como esses personagens, já que isso não se limita apenas a Eurico, mas a Ana e Anna também. 

Aos pedaços mostra almas fragmentadas e feridas, o que nos faz refletir no que pode ter sido a causa para que o espírito de uma pessoa se quebre até aquele ponto. Todos nós temos nossos problemas e os encaramos da melhor forma que podemos, mas nem sempre do jeito que gostaríamos.

Um brinde a imprevisibilidade e a loucura, que me apresentou um ótimo personagem, que foi brilhantemente interpretado e que agora vive no meu imaginário.



Sinopse de Aos Pedaços:


Eurico Cruz amanhece irritado. Sabe que algo está por acontecer. Eurico vive de viagem entre casas idênticas, uma construída no deserto, outra numa praia tropical. Em cada casa, vive uma de suas esposas, Ana e Anna. Nesse labirinto de espaços iguais recebe a perturbadora visita de Eleno. Um bilhete, assinado por um A., lhe anuncia sua morte. Quem o ameaça? Embaralham-se os espaços, as personagens, suas paixões extremas, seus ódios, amores e suspeitas.

Premiado no Festival de Gramado, com Kikitos de Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Som, Aos pedaços é mais um capítulo na trajetória do cineasta fundador do Cinema Novo. Em sua carreira, Ruy Guerra acumula clássicos como “Os Fuzis” (1964) e adaptações de grandes nomes da literatura mundial como “Erêndira” (1983) e “O Veneno da Madrugada” (2005). O longa tem distribuição da Pandora Filmes.


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