Matrix

A ressurreição debochada de Matrix 

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Matrix: Lana Wachowski brinca com o universo que criou ao lado da sua irmã e nos brinda com um epílogo  improvável. 

Desde a conclusão da trilogia Matrix, rumores sobre um possível quarto filme circulam por cantos sombrios da internet. Nada com muito fundamento, tudo sempre desmentido, mas a Warner nunca negou a vontade de revisitar aquele universo que revolucionou a história do cinema. 

Eis que chega o fatídico momento: Lana Wachowski topa fazer um quarto Matrix. Confesso que só acreditei quando assisti o primeiro trailer, pois até então achava que tudo não passava de uma pegadinha. Mesmo tendo vazado fotos de set de filmagem, eu realmente não acreditava que estavam fazendo esse filme. Não por rejeição, eu só não acreditava mesmo. 

Matrix Resurrections carrega aquela nostalgia, a sensação de Déjà Vu em suas cenas recriadas, conforme foi mostrado nos trailers. Mas acontece que ele possui um trunfo, a história foi por uma direção que ninguém imaginou. E isso me causou um impacto positivo. Lana não foi pelo caminho óbvio, ela traçou um novo e trouxe de volta o mundo de Matrix da maneira que quis e do melhor jeito. Catucando a indústria. 

A reunião de brainstorm onde ela joga na cara os desejos do público por câmeras lentas, Neo se desviando de balas e mais câmeras lentas, deve ter incomodado muita gente que foi ao cinema esperando apenas isso. Como se a franquia fosse resumida a esses elementos. Sobrou até para a própria Warner. Neo está preso em um mundo onde Matrix é uma franquia de jogos. Em um determinado momento, seu chefe diz que a Warner, detentora dos direitos, irá fazer o próximo jogo com ou sem a presença de quem criou originalmente.

Se é pra fazer, faço do meu jeito então. A trama é focada no resgate de Neo e de Trinity, que foram religados a Matrix após os eventos do terceiro filme. Somos apresentados a uma versão moderna do simulador, que tenta esconder Neo e Trinity a todo custo. Já liberto, Neo reencontra velhos inimigos e aliados, mas diferentes, com gráficos novos. O mundo real vive uma realidade diferente, com humanos e algumas máquinas vivendo juntos  de forma cooperativa.

Matrix Resurrections traça um caminho próprio e original, ele respeita o passado e abraça o futuro sem medo do que os fãs mais puritanos vão pensar a respeito. O que foi feito, está feito, agora é olhar para frente e nada mais. O quarto capítulo tirou, pelo menos para mim, o gostinho de final melancólico da trilogia original e nos deu, finalmente, aquele fio de esperança. Foi um epílogo improvável, do qual eu não sabia que precisava até assistir. 


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