1917: Ser perfeito em todos os aspectos técnicos não faz necessariamente um filme se tornar o melhor, arte tem que conectar, tem que emocionar e isso vai além da fotografia perfeita.
A falta de conexão com uma obra de arte, independentemente do tipo, pode ser gerada por diversos fatores. Às vezes, falta bagagem para a compreensão de toda sua proposta, falta empatia e, às vezes, falta uma conexão emocional e isso é o que falta para 1917.
O filme é tecnicamente perfeito, da fotografia aos seus diversos planos de sequência, apesar de parecer apenas um único plano é possível observando com cuidado notar alguns cortes ao longo do filme, nada que o desvalorize.
Outro trunfo é não sentir o peso do filme, com quase duas horas ele tem o tempo perfeito, nada parece estar sobrando, mas todos esses detalhes técnicos não parecem ser o suficiente para suprir a já citada falta de conexão.
1917 tem uma história simples, um objeto deve chegar do ponto A ao B para que vidas de diversos soldados sejam poupadas, além de mais uma derrota na guerra. O elenco faz um trabalho competente, ao longo dessa jornada nos deparamos com diversos nomes conhecidos como Benedict Cumberbatch, Colin Firth e Andrew Scott, mas todos com aparições tão rápidas que não é possível realmente aproveitar seus trabalhos e muito menos aprofundar seus personagens. Apesar da grata surpresa da presença de grandes nomes, não faria diferenças se fossem atores desconhecidos fazendo suas cenas.
Em nenhum momento o filme é capaz de fazer sentir alguma preocupação para com o personagem principal e sua missão, não que sua trajetória seja chata, o filme “diverte” e tem ótimas cenas, mas a maioria se resume a indagação “como ele conseguiu fazer isso sem cortes?”. Apesar da tentativa de cenas mais emocionais, o filme parece falhar em demonstrar o peso da guerra e suas consequências, é tudo tão rápido, tanta coisa acontecendo que a emoção falta.
Tecnicamente impressionante e digno de ser apreciado, premiado e aplaudido, o filme de Sam Mendes é lindo de se admirar. O diretor deve com toda justiça levar pra casa prêmios pelo seu trabalho aqui, mas infelizmente faltou um pouco de coração para chegar a um resultado perfeito.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.