007

007 | Foi uma honra, Daniel Craig

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007: Sem Tempo Para Morrer encerra o ciclo de Daniel Craig e o coloca no topo da prateleira como o melhor James Bond. 

Quando 007 Cassino Royale estreou, lá em 2006, fomos apresentados a uma versão diferente de James Bond. O agente seguiu galanteador e mortal, mas havia um “quê” de mais humano nele. Digamos que um Bond mais sentimental. Não que ele não tenha agido com suas emoções antes. Timothy Dalton em 007: Permissão Para Matar (1989) age fora das regras ao executar uma vingança pessoal.

A questão com Craig é que o seu Bond evolui com o passar dos filmes e as missões vão deixando cicatrizes cada vez mais fundas, diferentemente das versões anteriores. As perdas, a tragédia e a felicidade o acompanham, seja na morte de Vesper Lynd (Eva Green) e de M  (Judi Dentch), até ele amar novamente ao conhecer Madeleine Swann (Léa Seydoux). 

Na pele de Daniel Craig, James Bond tem uma jornada e uma vida com consequências que vão além de uma mera continuidade, tal qual ocorre quando Roger Moore visita o túmulo de Tereza Bond em 007 Somente Para Seus Olhos (1981). Já em Sem Tempo Para Morrer (2021), a cena em que o espião visita o túmulo de Vesper é linda, emocionante e repleta de significado. É Bond finalmente encontrando a paz e se perdoando pela morte de um antigo amor.

O perdão e o arrependimento caminham lado a lado durante a jornada final de Bond, que volta a ativa para uma última missão. Velhas feridas se abrem, tanto dele, quanto de Madeleine, que fica face a face com uma figura assustadora de sua infância. No que se refere à jornada dos personagens, é um filme perfeito. No que se propõe como filme, é grandioso. Mas não está imune de falhas.

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Uma das grandes apostas quando o assunto é 007 são seus vilões. Todos querem ser lembrados, não só como aquele que deu mais trabalho, mas aquele que entra para a história, como foi o caso do genial Silva (Javier Bardem). Já Safin (Rami Malek)… perderam a chance de trazer o icônico (e satânico)  Dr. No de volta. Ao invés disso, tivemos um vilão bem deformado, mas mal escrito e executado. Felizmente, nada que estrague o produto final.

Craig se despede de uma forma magnífica, onde ele eleva o nível de atuação e traz para o seu personagem uma carga dramática nunca vista antes. Ele traz consigo o peso dos anos de um assassino que sempre pôs o seu trabalho em primeiro lugar e que busca a paz de espírito. Mesmo tendo a chance de se retirar várias oportunidades, é a primeira vez que ele vê sentido em parar. É a primeira vez que ele sente que não pode seguir adiante.

Executar o final de uma saga é uma tarefa complexa. Ainda mais quando estamos falando de um dos personagens mais icônicos da literatura e do cinema. De forma inédita, uma era de James Bond chega ao fim dessa forma. O futuro da série continua uma incógnita. Seguir com o universo já estabelecido, com personagens incríveis e uma sucessora no cargo de 007? (Lashana Lynch) Ou executar um novo reboot e trazer a vida uma nova e regenerada versão de James Bond?

Independentemente de qual caminho a produtora Barbara Broccoli  for seguir, o desafio será grande. Termino fazendo um paralelo à Copa do Mundo, Daniel Craig está para a Shakira, assim como o seu James Bond está para a Waka Waka. Mais uma última coisa antes de me despedir,  vou utilizar a linguagem dos jovens e afirmar que Sem Tempo Para Morrer é CINEMA! 


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