Conversamos com os diretores Eduardo Perdido, Tiago Mal e Diego M. Doimo sobre Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca, lançamento da Sessão Vitrine Petrobrás.
Aproveitando o final das férias, no dia 25 de Julho, a Sessão Vitrine Petrobras lança a animação Teca e Tuti: Uma Aventura na Biblioteca nos cinemas de todo o Brasil. Produzido no interior de São Paulo, o longa conta a história de Teca, uma traça que se apaixona pelo universo da leitura. Vinda de uma família de traças que devoram livros, a protagonista cresceu comendo livros também.
Porém, ao aprender a ler, Teca muda a sua forma de pensar quando entende que além de alimentar seu corpo, os livros também servem para serem lidos e alimentar a alma. Com o seu fiel ácaro de estimação, Tuti, a dupla parte para uma grande aventura na biblioteca.
Dirigido pelo trio Diego M. Doimo, Eduardo Perdido e Tiago Mal, o filme que demorou mais de 10 anos para ser produzido, mistura diferentes técnicas de animação e live action. A maior parte foi feita em stop motion, técnica na qual tudo acontece através de sequências de fotografias, usando bonecos articulados em cenários construídos e montados dentro de um estúdio, como um verdadeiro set de filmagens em miniatura.
Confira abaixo nosso bate-papo com os diretores:
A ideia da traça que gosta de ler surgiu como um trabalho de faculdade e se tornou um curta-metragem. O que inspirou vocês a continuar a história e transformá-la em um longa-metragem?
– O curta (A traça Teca) já terminava “em aberto”, com a Teca e o Tuti ficando numa biblioteca, então sempre tivemos a vontade de expandir essa história. Quem seriam eles, de onde vinham, o que mais poderia acontecer na biblioteca… E o curta teve um sucesso muito grande pelo mundo todo, principalmente considerando que é um trabalho universitário, então logo percebemos o potencial que esses personagens tinham para uma produção maior (muito maior!).
No Brasil, há apenas 3 longas que usaram a técnica de stop motion, incluindo Teca e Tuti. Por que vocês escolheram esse método de animação e o que acham que é o fator determinante para tão poucos filmes nacionais nesse estilo?
– O stop motion foi escolhido quase ao acaso. Na época do curta decidimos que o stop motion seria a técnica de animação mais “democrática”, onde todos os integrantes da equipe poderiam ter função relevante (e não apenas um ou dois animadores em frente a um computador enquanto todos esperavam o resultado), com fotografia, cenários, objetos, luz e a animação. A partir disso nos apaixonamos pelo stop motion e decidimos utilizar no filme, que conta também com uma mistura de técnicas, então temos a maior parte do filme em stop motion mas também há cenas em live action (filmagem com pessoas reais) e animação 2D.
O stop motion é um processo vagaroso e que demanda muito tempo e muita precisão, e envolve bastante limitação física. O que você filmou já está registrado, não é como numa animação no computador onde com alguns cliques você muda uma cena inteira, por isso há tão poucos longas com essa técnica.
Como foi o processo de produção de Teca e Tuti, especialmente considerando os 12 anos dedicados à animação quadro a quadro?
– Por se tratar de um filme com baixíssimo orçamento (principalmente em comparação com animações internacionais), sempre tivemos uma equipe muito enxuta. Nos primeiros 2 anos conseguimos manter cerca de 15 pessoas trabalhando ao mesmo tempo para produção de objetos, cenários e bonecos, além de tratamentos de roteiro e storyboard. Quando entramos na fase de animação a equipe foi diminuindo, o dinheiro foi acabando, e eventualmente nos 6 anos seguintes seguimos animando em stop motion em apenas 2 pessoas: o animador e o diretor de fotografia! Mas claro que o filme é resultado do trabalho de muita gente talentosa e dedicada que tivemos a sorte de ter durante as várias fases da produção.
Quanto ao enredo, como vocês escolheram os temas da leitura e da preservação dos livros e quais são as mensagens principais que vocês esperam transmitir ao público, especialmente às crianças, com Teca e Tuti?
– Desde criança sempre gostamos muito de ler, e claro de cinema, mas sempre sentimos falta de uma personagem que tratasse dessa temática nos filmes, e que tivesse esse apelo para o incentivo à leitura, à busca pelo conhecimento e pelas histórias. Acho que é isso que esperamos passar para o público, esse reflexo nosso de amor aos livros e às histórias e que a criançada perceba desde cedo o poder de encantamento e de magia e transformação que os livros trazem.
Quais foram as principais influências artísticas e cinematográficas que inspiraram o estilo visual do filme?
– Todo e qualquer filme de stop motion feito para crianças nos inspirou! Produções que passavam na TV Cultura, filmes antigos russos, animações inglesas e americanas…
O filme foi exibido em vários países e ganhou prêmios importantes. Como vocês se sentem ao ver o reconhecimento internacional da sua obra?
– É bom demais. Não fizemos o filme esperando premiações, apenas quisemos fazer uma historia que sabíamos que podia agradar tanto crianças quanto adultos, mas é claro que é sempre uma grande alegria ter o trabalho reconhecido com prêmios de festivais importantes de cinema, e mais do que isso, perceber que o filme feito no interior de SP, que reflete essa vida de interior, funciona também em qualquer lugar do mundo.
Vocês podem compartilhar algum momento memorável ou engraçado que aconteceu durante a produção do filme?
– O estúdio da Rocambole Produções fica num sítio, com gansos e bichos variados. Em determinado momento galinhas invadiram o estúdio e o animador torcia para que elas não subissem na mesa e atrapalhassem a filmagem. Mas elas ficaram boazinhas e quietinhas no chão.
Que tipo de pesquisa e preparação foram necessárias para garantir a precisão e autenticidade dos detalhes no longa?
– Houve muita pesquisa principalmente para objetos de uma casa de costureira, que tiveram que ser replicados em escala maior para construir o mundo das traças. Testes de textura, materiais, cores… Foi um processo longo de pré-produção.
Vocês planejam continuar a história de Teca e Tuti em futuros projetos ou sequências?
– Temos um projeto em desenvolvimento para a série Teca e Tuti, mas para isso dependemos de financiamento.
Qual é a importância de valorizar a cultura brasileira em produções cinematográficas e como Teca e Tuti contribui para isso?
– Valorizar nossa própria cultura e nossas próprias histórias é essencial! A gente consome coisa demais de fora e acaba esquecendo que por aqui muita coisa boa é produzida, com nossa cara, nossas cores, nossas músicas. Acho que nosso filme traz uma contribuição muito grande nesse sentido, e por ser um filme infantil temos muita confiança que vai atingir crianças de muitas gerações pelos anos à frente!
Agradecemos à assessoria de imprensa pela oportunidade e aos diretores pela excelente entrevista. Desejamos muito sucesso nesse e em futuros projetos!
Saiba mais sobre o lançamento:
Teca e Tuti: Uma Aventura na Biblioteca é produzido pela Rocambole Produções e entra em cartaz 45 salas de cinema das seguintes cidades: Belo Horizonte; Brasília; Campinas; Caxias do Sul; Curitiba; Guarulhos; Guaxupé; Itapetininga; João Pessoa; Jundiaí; Maceió; Manaus; Marília; Natal; Niterói; Poços de Caldas; Porto Alegre; Rio Claro; Rio de Janeiro; Salvador; São Bernardo do Campo; São Carlos; São Luís; São Paulo; Teresina e Vitória.
O longa ainda conta com canções inéditas e originais de Hélio Ziskind, músico que já compôs temas de programas como “Cocoricó”, “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Glub-Glub” e “X-Tudo” e direção de arte de Mateus Rios, ilustrador de livros infantis, como “Ela tem olhos de céu”, de Socorro Acioli, e “Pedro Noite”, de Caio Riter.
Com classificação indicativa livre, o longa irá encantar crianças e adultos com uma história emocionante e divertida que valoriza o poder transformador da educação.
Confira o trailer de Teca e Tuti:
Apaixonada por arte, música, literatura e filosofia. Adora a Disney, Harry Potter e Sherlock, além de ser viciada em memes. Ri de tudo, é meio perdida nas ideias, viajante do tempo nas horas vagas, só anda com fones nos ouvidos e ama tudo que é fofinho, inclusive o editor-chefe desse site.