É nesse meme que vou basear minha análise em Future Nostalgia, novo álbum da britânica Dua Lipa, que é um dos fortes concorrentes a álbum do ano.
Conceito
Com Future Nostalgia, a cantora nos presenteia com uma inusitada sensação de “Back to the Future”. Não, ela não criou necessariamente a nostalgia futurística, mas a introduziu na música de forma brilhante em faixas como a que dá nome ao álbum. Ao mesmo tempo em que nos leva de volta pro futuro, ou melhor, ao que esperávamos que o futuro fosse, Dua não esquece os problemas do presente quando introduz letras feministas (Boys Will be Boys e a própria Future Nostalgia) embaladas por um pop raíz, muito dançante e que é exatamente o que o mundo precisa nesses tempos esquisitíssimos.
Coesão
Poucos álbuns pop mainstream tem essa pegada de obedecer a uma mesma visão do artista do início ao fim. Alguns começam bons e se afogam numa balada chata, outros são tão dançantes que ao final você já não sabe mais como ainda está de pé. Não que isso seja uma coisa absolutamente ruim, afinal de contas o pop reina na mídia não é por acaso.
Mas, Lipa parece ter pensado milimetricamente cada nota musical de seu novo álbum para contar uma história que não se limita ao fim de um relacionamento ou a estar apaixonada. Ela teve uma visão do que queria passar ao público e a executou brilhantemente. A sensação de nostalgia futurista está em cada faixa, independentemente de ser sobre sexo (Good in Bed), se apaixonar (Break My Heart, Cool, Physical), ou mesmo com bandeiras mais políticas (Boys Will be Boys). O conceito está ali e assim se forma a coesão. Porém, o próximo e último tópico deste review não é para qualquer um.
Aclamação
Dentro e fora do Reino Unido, os críticos estão loucos pelo Future Nostalgia. Lançado em plena quarentena (sexta feira, 27/03), o álbum já foi chamado de “visceralmente brilhante”, “perfeição do pop” e estreou como segundo melhor álbum de 2020 e quinto mais comentado, de acordo com o Metacritic.
Para o The Independent “não há nenhuma música chata nele”. Para a NME, “é um poderoso álbum pop perfeito feito por uma estrela que não tem medo de falar o que pensa”. O The Guardian já a chamou de “visionária” e a aplaudiu com uma crítica quatro estrelas por não ter escolhido o “caminho mais fácil” ao optar por faixas sem nenhuma colaboração, o famigerado feat.
Por essas e outras que vocês ainda vão ouvir e, com sorte, dançar muito com Future Nostalgia e suas faixas dançantes e agradáveis ao ouvido como Hallucinate, Break My Heart, Levitating, Physical, etc, etc, etc. Enfim, todas as faixas do álbum que, para mim, vai ser muito, mas muito difícil de ser superado, até mesmo por nomes como Lady Gaga, que promete lançar seu Chromatica ainda esse ano.
Dua Lipa concretou sua visão de nostalgia futurista com êxito e coragem de lançar um álbum dançante, em plena quarentena, após ter sido vazada pouco mais de uma semana antes. Por isso, toda aclamação do mundo é pouca diante do que merece essa artista brilhante!
É jornalista, mas resolveu deixar essa carreira pra mais tarde e se jogar no mundo. Atualmente, se divide entre as aulas de inglês das quais é professora e o futebol inglês, pelo qual é apaixonada.