Baseado no mangá de Gege Akutami, Jujutsu Kaisen é um anime que conquistou seu espaço. Apesar da segunda temporada agradar, ela apresenta situações que, no futuro, podem dificultar sua sustentação.
Animes mais longos, principalmente shonens, têm a tendência de se perder ao longo de suas, muitas vezes, intermináveis histórias. Infelizmente para Jujutsu Kaisen isso parece ter começado mais cedo do que de costume. Os personagens seguem sendo carismáticos e entregando bons momentos. Isso é inegável e, claro, que é daí que vem o seu sucesso extraordinário, mesmo sendo um anime que, em termos de história, permanece na média.
Muito se falou sobre a mudança na animação sofrida nesta segunda temporada e como isso acabou por impactar na experiência de algumas pessoas. Mas, cá entre nós, o impacto deve ter sido ainda maior na vida dos pobres animadores do estúdio Mappa. Como é de conhecimento geral, as condições de trabalho nesses animes não são das melhores, ainda mais em um estúdio que tem feito diversas adaptações no momento. Porém, para além dos problemas de caráter trabalhista, essa temporada sofre também por outros motivos.
Jujutsu Kaisen começou sua segunda temporada muito bem ao dar um passo para o passado, como já foi relatado previamente em um texto aqui no site. Contudo, o restante da temporada, apesar de divertida, apresenta problemas principalmente para o futuro do anime. Alguns personagens parecem ter sido esquecidos e têm pouco desenvolvimento, até mesmo o trio principal parece estar perdido no que diz respeito à sua evolução.
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Um bom exemplo de como o criador parece não saber para onde está indo, é ter trazido de volta à vida, mesmo que por breves momentos, Megumi Fushiguro, que aparece apenas para salvar um grupo de personagens e lutar contra seu filho Megumi. A cena do encontro acaba por não acrescentar em nada e faz seu retorno parecer ser algo apenas para agradar fãs que gostam de cenas de “lutinha”.
Nesse mesmo quesito, Mahito também cai em clichês desnecessários, o vilão que era minimamente interessante e rendia bons embates, acaba por atingir uma nova forma com um design pouco inspirado, extremamente comum. São pequenas escolhas que, uma a uma, vão enfraquecendo o anime.
Me parece que o principal incômodo dessa temporada de Jujutsu Kaisen foi ter se entregado tão cedo para a megalomania, transformando suas batalhas em algo gigantesco, com prédios sendo destruídos, enormes bolas de fogo caindo do céu, personagens que parecem não ter limites. Quando apenas Gojo foi apresentado dessa forma era algo até aceitável, mas agora muitos parecem ter chegado nesse nível. Isso acaba gerando a sensação de que o anime parece não ter mais para onde ir a partir daqui em termos do nível de poder apresentado, os episódios finais desse arco pareciam já serem os últimos da história como um todo.
O anime aparenta logo no seu começo ter atingido o seu ápice e ainda existe muito para se ver baseado no que saiu do mangá. A tendência, ao que parece, é de seguir se perdendo nas próximas temporadas, uma vez que não parece existir um caminho bem pavimentado e equilibrado para ir adiante.
A temporada como um todo foi divertida, teve bons momentos, novos personagens interessantes, revelação de parte do mistério principal, além de não ter tido medo de eliminar personagens importantes para a história e favoritos entre os fãs. A insegurança é com o futuro de Jujutsu Kaisen e como ela vai conseguir se sustentar e não com seu presente que ainda é capaz de agradar.
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.