No começo da segunda temporada, assim como no filme predecessor, Jujutsu volta no tempo para estabelecer seus personagens.
Após o grande sucesso da primeira temporada e do filme que a seguiu, Jujutsu volta no tempo para estabelecer como se originou o confronto entre Gojo e Geto, além de tecer as tramas que ligam outros personagens, que já havíamos conhecido, aos dois.
De cara, a decisão de focar esses primeiros episódios de Jujutsu Kaisen nesse arco já se mostra um acerto devido ao carisma de Satoru Gojo e o fascínio que sua história causa nos fãs. Outros animes poderiam não ser bem-sucedidos ao afastar a história do foco no protagonista durante tanto tempo. Outra vantagem é não precisar de uma pausa durante algum arco para contar o passado do vilão quebrando, por muitas vezes, o ritmo da temporada, algo comum, por exemplo, em Demon Slayer. Aqui não, agora já temos boa parte da vida de Suguru Geto definida e podemos apenas seguir em frente para o arco seguinte.
Acompanhar Gojo no auge de sua soberba e a queda, que se fez necessária para tornar o personagem no que é hoje, é fascinante. Alguém que sempre esteve no topo enfim sofre uma derrota e tem que aprender a lidar com as consequências de sua arrogância, que afeta diretamente a vida de outros personagens. Riko Amanai surge em sua vida para que ele comece a verdadeiramente se conectar com a humanidade e Toji Fushiguro o ensina que ele não está acima de todos, que existe perigo contra a sua vida, além de conectar sua história diretamente com a de Megumi Fushiguro que conhecemos no presente do anime.
Por outro lado, Geto carecia de um pouco mais de tempo para se desenvolver como o vilão que conhecemos. Apesar de todos os elementos estarem presentes desde o início, o desenvolvimento pareceu um pouco acelerado, mesmo sabendo os motivos que fazem com que ele saia do ponto A para o B, o caminho parece ter sido percorrido com muita pressa.
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Claro que nem tudo é perfeito, a mudança de direção na animação para essa temporada pode causar estranhamento para os amantes de detalhes da primeira, mas não é nada que venha a prejudicar o ritmo, e o roteiro consegue segurar bem os episódios, deixando tudo fluido. Além de seguirmos com os problemas já existentes, como entender os poderes dos personagens e em qual nível eles se encontram. Para entender o que Gojo consegue fazer parece ser necessário ao menos duas formações acadêmicas, às vezes as coisas podem ser resolvidas com simplicidade, complexidade não é sinônimo de excelência.
Outro pequeno detalhe que pode incomodar em Jujutsu Kaisen é a clara inspiração de Gege Akutami, autor da obra, em outros animes, como Bleach e Naruto. Por vezes a história contada aqui se aproxima muito da de Kakashi e Obito, tudo separado por uma linha tênue. Inspirações nunca são um problema, ainda mais oriundas de obras de sucesso, porém é importante conseguir se elevar acima das mesmas, algo que, por enquanto, ele parece conseguir fazer. Para além disso não há muito o que se fazer a não ser torcer para que o autor não se perca, assim como os autores das obras citadas o fizeram.
Com tudo colocado nos trilhos, agora o anime se encaminha para o que os fãs do mangá consideram o seu auge, o arco de Shibuya. Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, porém assim como seu contemporâneo, Demon Slayer, Jujutsu Kaisen tem tudo para se tornar um dos animes que marcam uma geração, tanto quanto aqueles que inspiraram o autor da obra.
Assista ao episódio 01 de Jujutsu Kaisen no canal da Crunchyroll
Mais um jornalista de cultura pop e otaku nas horas vagas.