Família Addams

A Família Addams e o ódio das “pessoas de bem”

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Fiel ao seu espírito, bem-humorada e com um belo discurso, é uma pena que a nova animação da Família Addams não tenha ganhado o devido destaque em seu lançamento.

Acredito que a minha geração, criada nos anos 90, conheça muito bem a Família Addams. Eram filmes, desenhos animados e até mesmo figurinhas nos salgadinhos da Elma Chips (com direito a olhos de silicone gosmentos, lembram disso?). Essa peculiar família não ganhava uma versão para os cinemas desde 98 e resolveu voltar da melhor maneira possível: com uma animação. Acho a escolha perfeita, pois o leque de possibilidades para bizarrices que a Família Addams possui casa perfeitamente nesse estilo.

Não temos aqui uma história de “origem”, mas é genial começar com o casamento de Gomez e Mortícia (Oscar Isaac e Charlize Theron), que são expulsos de sua terra natal por serem um tanto peculiares. Aliás, não só eles, mas todos os Addams são expulsos, tendo que se espalhar por diversas regiões. Sendo recém casados, Gomez e Mortícia buscam um lugar para começar sua família e acabam encontrando um manicômio abandonado assombrado por um espírito maligno e, de quebra, ainda conhecem um dos internos que viria a se transformar em seu mordomo: Tropeço. Ah, e não vamos nos esquecer de Mãozinha que, sim, acompanha o casal.

Após essa pequena apresentação somos levados ao tempo presente e, assim, temos a formação original da família. Mas, é legal notar algumas adaptações, como a casa sendo um personagem e até mesmo o fato de que nem o Tio Chico e nem a Vovó moram com eles na casa, mas sim os visitam de tempos em tempos. Ah, a casa fica em um pântano isolado de tudo e de todos, porém tudo muda com a construção da “cidade perfeita” na região e é assim que temos o pontapé inicial da trama.

A casa ficou oculta por muito anos graças a um nevoeiro, mas quando este desaparece, toda a cidade ganha a visão “horripilante” da mansão dos Addams. Temos aqui uma versão de “Irmãos a Obra” já que a cidade foi toda construída e televisionada em cima de um Reality Show comandado pela arquiteta Margaux Needler (Allison Janney), que planejou a cidade perfeita e agora tem a sua vista ameaçada pela mansão e a família que a habita.

Ser diferente é extremamente normal e os Addams não ligam pra isso. Muito pelo contrário, eles são muito amáveis com todos os visitantes que, na visão deles, são apenas pessoas com gostos estranhos e não há nenhum tipo de preconceito por isso. Mas, é justamente o contrário em relação a eles. As pessoas ditas “normais” odeiam os Addams. Elas não gostam de seu estilo, seus gostos, sua religião e de suas diferenças físicas. E, o mais importante, da sua felicidade. Esse item incomoda demais.

A história apresenta muitas camadas sociais e nos passa uma mensagem bonita, tudo isso com muito charme, elegância e bom humor. Os personagens principais são maravilhosos como sempre. A devoção entre Gomez e Mortícia, as brincadeiras homicidas de Wandinha (maravilhosa como sempre) e Feioso e, claro, o Tio Chico mais surtado do que nunca. Não podemos esquecer também do Primo Itt, que faz sua participação sempre triunfal.

Outra coisa que gostaria de destacar são as subtramas envolvendo as relações familiares entre pais e filhos e de como o diálogo é sempre a ferramenta mais poderosa para se manter uma relação saudável. Escutar e ser ouvido.

A nova versão da Família Addams se adapta aos tempos atuais e mantém a sua essência. E o mais importante: mostra que uma família unida é capaz de superar grandes desafios.  

A Família Addams está disponível para compra no Google Play e no You Tube.


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